Em nossa edição de número 9 escolhemos o Viu 1 para ser nosso vinho do mês por sua alta qualidade e por já ser considerado um ícone de qualidade entre os vinhos Top produzidos no Chile. Na edição passada tivemos o prazer de entrevistar o senhor José Miguel Viu Bottini, aproveitando sua visita ao Brasil, e confirmamos sua determinação e foco em produzir os melhores vinhos do Chile. Durante o gostoso bate- papo me foi sugerida esta vertical, a qual aceitei por ter certeza ser de interesse para os leitores , e até mesmo para manter um registro histórico dos seis primeiros Viu 1 produzidos. Pouca gente tem a oportunidade de provar todas as safras do mesmo vinho e entender melhor o impacto da variação do clima no mesmo terroir em diferentes safras. Para quem tem costume de participar de verticais é muito interessante perceber que os vinhos do Novo Mundo, teêm variações menos intensas do que os vinhos europeus, que são fortemente dependentes das variações climatológicas das diferentes safras, enquanto os novo mundistas têm mais forte apelo pelos processos. As verticais são verdadeiras aulas para os apaixonados do vinho, pois sempre aprendemos algo novo, confirmamos teorias, ou derrubamos mitos. Nesta degustação pelo menos quatro coisas ficaram bem claras: a) vinhos do Novo Mundo de qualidade “envelhecem” muito bem, o Viu 1 1999 estava ainda jovem, vívido e mesmo assim prontíssimo para beber. ; b) blends, mesmo que mínimos, produzem vinhos mais complexos do que os varietais tão comuns no Novo Mundo. ; c) vinhos alcoólicos não significam necessariamente vinhos pesados, se o tripé formado com a acidez e os taninos estiver harmonioso resultará em vinhos macios e elegantes;. d) a variedade Malbec, muitas vezes criticada, se bem elaborada produz vinhos de alta qualidade. Muito bem, vamos então ao parecer de nossos experts sobre cada um dos vinhos. Apenas no sentido de aclarar o leitor, diferentemente de nossas degustações em que confrontamos diversas marcas, esta degustação foi feita com conhecimento das safras que estávamos provando em ordem decrescente de ano.
1º Lugar – Viu 1 – 1999 – Corte de 90% de Malbec e 10 % de Cabernet Sauvignon, com 14,0 % de álcool e 22 meses de barricas francesas – Surpreendeu pelo seu potencial de envelhecimento, o vinho está muito vivido como se fosse uma safra mais nova. Granada com alta concentração e leve halo. Muito complexo, trazendo frutas vermelhas evoluídas, ameixa, toque lácteo, funghi secos, e um tostado lembrando café. Na boca, redondo com o tripé de acidez, álcool e tanino perfeitamente integrado, redondo e macio, final longo e retrogosto com toques de chocolate amargo. Nota 91 pontos.
2º Lugar – Viu 1 – 2001 – Corte de 90% de Malbec e 10 % de Cabernet Sauvignon, com 14,5 % de álcool e 22 meses de barricas francesas. Vinho muito estruturado, apresentando características mais austeras, e lembrando mais um Cabernet Sauvignon. Rubi de alta concentração, sem halo. Olfativo austero, com ameixas, especiarias, pimenta- preta, aromas medicinais ( cânfora) , trufas, sottobosco, e toques de eucalipto. Na boca, boa acidez, taninos intensos e finos, estruturado, persistência longa, retrogosto frutado. Nota 90,2 pontos.
3º Lugar – Viu 1 – 2003 – Corte de 90% de Malbec e 10% de Cabernet Sauvignon, com 14,8 % de álcool e 24 meses de barrica – 90 % francesa e 10 % americana. Rubi concentrado sem halo. Complexo com predominância frutada, ameixas, cerejas no licor, sottobosco, toque mentolado, e tostado lembrando baunilha. Na boca, tal qual o 1999, tem o tripé perfeito , só que mais potente, e mesmo com toda a estrutura é ainda um vinho elegante e muito persistente, retrogosto frutado com toque de café. Nota 89,7 pontos.
4º Lugar – Viu 1 – – 2005 – Corte de 88% de Malbec e 12% de Cabernet Sauvignon, com 14,8 % de álcool e 20 meses de barrica francesa sendo 88 % novas. Violáceo, alta concentração sem halo. Complexo, com muita geleia de fruta vermelha, ameixa, e mais intenso em aromas verdes na linha menta, especiarias, noz- moscada, tostado muito bem integrado, e o único que lembrou a goiaba muito comum nos vinhos daquele país. Na boca ótima acidez, taninos finos ainda verdes, muita estrutura, persistência longa e final de boca muito agradável. Nota 89,4 pontos.
5º Lugar – Viu 1– 2006 – Corte de 94% de Malbec e 6% de Cabernet Sauvignon, com 15,0,0 % de álcool e 20 meses em barricas francesas novas (98%) e o restante em americanas. Violáceo, com alta concentração sem halo. Aroma vinoso, frutas maduras, violetas, menta, especiarias, pimenta, toque químico. Alta acidez, taninos finos, encorpado, persistência longa, ligeiramente alcoólico, mas pronto para beber mesmo que ainda jovem. Nota 88,7 pontos.
6º Lugar – Viu 1 – 2004 – Corte de 98% de Malbec e 2% de Cabernet Sauvignon, com 14,7 % de álcool e 20 meses em barricas francesas novas (95%) e americanas (5%). Rubi com alta concentração, sem halo. Olfativamente, com predominância floral, frutas negras maduras, especiarias, e tostado muito agradável. Na boca ótima acidez, taninos presentes, encorpado, persistência longa, retrogosto frutado. Nota 88,6 pontos.
A Viu Manent, fundada em 1935 e pertencente à família Viu, é hoje comandada por José Miguel Viu Bottini. Localizada no Valle de Colchagua, possui 462 hectares, dos quais 264 em plena produção, . A área é dividida em três vinhedos: San Carlos, La Capilla, e El Olivar. As uvas do Viu 1 vêm de San Carlos , o mais antigo dos vinhedos, com parreiras com mais de 40 anos. Seu enólogo chefe é o neo zelandeês Grant Phelps. O Viu 1 é o topo da gama de produtos da empresa, que também tem as linhas Single Vineyard, Secreto, Reserva e Estate. A importadora Hannover do amigo Niels Bosner é sua representante no Brasil, a quem agradecemos a cessão dos exemplares degustados. Hannover Com. Imp. e Exp. Ltda – www.hannovervinhos.com.br Fones: (051) 3337-3890 e (051) 3343-1195.
Vamos agora finalizar descobrindo o gosto pessoal de cada degustador e a nota dada por ele ao seu vinho favorito.
Aguinaldo Zackia – Viu 1 2006 – Nota 91
Alessandro Tommasi –Viu 1 2001 – Nota 91
Alvaro Cezar Galvão – Viu 1 1999 – Nota 91
Beto Acherboin – Viu 1 -Nota 1999 – Nota 92
Carlos Hakim – Viu 1 2001 – Nota 91
Gustavo Andrade Viu 1 2005 – Nota 92
João Filipe – Viu 1 2005 – Nota 91
Nelson Luiz Pereira – Viu 1 2003 – Nota 93
Paulo Sampaio – Viu 1 2003 – Nota 90,5
Ralph Schaffa – Viu 1 1999 – Nota 92
Walter Tommasi – Viu 1 1999 – Nota 92
Alessandro Tommasi –Viu 1 2001 – Nota 91
Alvaro Cezar Galvão – Viu 1 1999 – Nota 91
Beto Acherboin – Viu 1 -Nota 1999 – Nota 92
Carlos Hakim – Viu 1 2001 – Nota 91
Gustavo Andrade Viu 1 2005 – Nota 92
João Filipe – Viu 1 2005 – Nota 91
Nelson Luiz Pereira – Viu 1 2003 – Nota 93
Paulo Sampaio – Viu 1 2003 – Nota 90,5
Ralph Schaffa – Viu 1 1999 – Nota 92
Walter Tommasi – Viu 1 1999 – Nota 92