A vez dos laranjas do Friuli


Como bom
friulano sou apreciador e divulgador dos vinhos produzidos nesta fronteiriça
região italiana. Conhecida na era romana como Forum Iulii sempre teve como
característica a miscigenação sendo sua população é uma salada mista de
italianos, austríacos e eslovenos. No mundo do vinho a região é reconhecida
como produtora dos melhores exemplares de vinho branco produzidos na Itália e
suas principais uvas sempre foram as autóctonas Ribolla Gialla, Friulano e a
Picolit , esta mais utilizada para vinhos passitos para sobremesa. A uns dois
meses atrás recebi uma nota do amigo Marcus Morelli  me pedindo algumas dicas de viticultores
pois em viagem pela região ele gostaria de aproveitar e conhecer alguns deles.
Com muito prazer dei minhas indicações tanto do lado italiano como do lado
esloveno. A duas semanas atrás Marcus volta a me contactar com o intuito de nos
reunirmos para tomar as preciosidades garimpadas por ele durante a viajem, convite
aceito imediatamente. Pois bem ontem a noite a coisa ocorreu, e para a surpresa
dos presentes, bem pelo menos a minha, a prova foi focada em vinhos naturebas
friulanos, e admito que a partir de ontem fiquei um pouco mais laranja. O Marcus
realmente garimpou coisas únicas tanto de produtores conhecidos por aqui como é
o caso do Gravner, de figuras únicas como o caso do Radikon e de pequenas
boutiques como o Aquila del Torre.  Para
completar o painel e nos dar uma referência  do que estamos acostumados a tomar MM também  abriu um Chablis e um Eiswein austríaco . Vamos
aos vinhos provados nesta noite natureba que contou com a presença do Marcus , Daniel ,  Oswaldo e Márcia, André, Grenfel , Marcio, e
este que vos escreve

Vamos aos vinhos: 
Painel 1 
Picolit Seco Aquila
del Torre
– Dourado, boa concentração, brilhante. No nariz, pera cozida,
mineral, pedra molhada, mexerica, e própolis. Na boca, boa  acidez, toque amanteigado, redondo, bom corpo,
retrogosto com pera e ligeiro salgado. Um vinho interessante parece não ter muita
acidez, mas esta aparece do nada logo após ser tomado. Foi meu favorito do painel pela
unicidade.
Michel Chablis Grand
Cru 2010
– Amarelo palha, brilhante. Mineral, cítrico, pimenta branca,
ligeiro floral. Ótima acidez, seco, tânico, fresco, balanco de boca perfeito,
retrogosto mineral, com toque de maresia. Um Chablis delicioso, refrescante ,
mas para mim precisando de mais uns 2 anos de garrafa.  Grande vinho

Painel 2 Os Gravner

Gravner Ribolla  Anfora 2004 – Laranja, claro,  brilhante Olfativamente marcado por pêssego,
nozes, e toque mineral.  Na boca boa
acidez, tânico, corpo médio, redondo, final de boca fresco bem palatavel. Vinho
pronto para beber, um pouco mais fácil. 
Gravner Anfora  2005 – Laranja mais escuro,
Olfativamente  austero, grapefruit, nozes,
grama seca, e mineral. Na boca, alta acidez, tânico, corpo mais intenso, retrogosto
com  Grapefruit. Um vinho mais vivo que o
anterior. Inicialmente muito nervoso, picante, ganhou muito como tempo em taça .
( meu favorito deste painel) 
Gravner Anfora  2004 –  Laranja, intenso, brilhante. Nariz com grande
complexidade, floral,cítrico,  erva doce,
pêssego, e gesso. Na boca ótima acidez, mais amigável,  corpo médio,
final de boca agradável com cítrico doce lembrando mexerica. Um vinho camaleão que não parava de mudar na taça.  Meu favorito do painel

Painel 3 Radikon – 3 safras elaboradas com o mesmo corte (chardonnay, pinot grigio e sauvignon blanc)

 

Radikon Oslavje Radikon 2004 – Laranja, brilhante No nariz,mexerica, mineral,e ligeira goiaba. Na boca, ótima
acidez, corpo médio, retrogosto damasco e toque mineral salino.

 

 

 

 

 

Radikon Oslavje Radikon 2001 – Laranja mais escuro, Floral, mexerica, maçã, mineral, salgadinho. Alta
acidez, tânico, vigoroso, encorpado, retrogosto 
frutas cítricas mexerica, final de boca muito agradável.

 Radikon Oslavje Radikon 2000 – ( 10 anos em bottes) – Laranja
avermelhado, com certa opacidade. Nariz complexo, austero, borracha, gás, grapefruit,
damasco seco, e cinzas. Alta acidez, ligeiro tanino, suculento, ótimo balanço
de boca, redondo, final de boca com ervas, e amêndoas . Sem notar aromas de
madeira para mim ficou a certeza de que descanso em madeira neutra faz um
tremendo bem para este vinho. Completamente diferente dos irmãos com 3
anos de madeira , se mostrou mais complexo e austero. WOTN

 

 

 

Painel 4 Picolit Doce 4 safras

Picolit Aquila del Torre 2004 – Laranja indo para âmbar média concentração. Figo seco, melaço,
rapadura, damasco, e cítricos doces. Alta acidez, frutado ponta de álcool, retrogostro
com  pêssego em calda. Lembra mais um vinho
novo mundo mais potente

Picolit Aquila del Torre  2002
– Âmbar esverdeado mais ralo que o 2004 . Delicado , pêssego, mel, ligeiro
oxidativo, floral . Na boca, acidez correta, elegante,  redondo, leve tanicidade, corpo médio retrogosto
com  pêssego em calda mas menos doce que
o anterior, e toque de amêndoa.  WOTN
entre os doces

Picolit Aquila del Torre  2008
– Laranja, ralo brilhante. Mineral, figo em calda, ligeira mineralidade, toque
citrico. Boa acidez, tânico, corpo médio, retrogosto  frutado novamente lembrando figo.  Ótimo balaço de boca. Meu segundo favorito
entre os doces

Picolit Aquila del Torre  2009

Amarelo escuro
brilhante. Olfativamente menos rico, herbáceo, pouca fruta, certa mineralidade
e ligeira oxidação. Na boca,boa acidez,  pouco
corpo, leve,  delicado, retrogosto com toque
de madeira  queimada. Bem diferente dos 3
anteriores

 

Eswein Hopler – Pinot Noir 2009 – Áustria – Amarelo escuro com ligeiro reflexo alaranjado,
escuro,  brilhante. Olfativamente, arruda,
 frutas passas, uva, figo, toque fresco
de hortelã. Na boca , ótima acidez, fresco, delicado, corpo médio, retrogosto  frutado com toque de hortelã ,. Vinho
delicado bem  fácil de beber .

Um agradecimento especial ao Marcus Moretti por nos viabilizar esta prova tão única e com um grupo tão agradável.

 

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