Degustar às cegas ou não ?

Este título é curto mas é carregado de polêmicas
e discussões, de um lado existem os defensores da valorização dos rótulos
tomados, preferindo o conhecimento dos mesmos antes de toma-los, e com isto
maximizando o reconhecimento de suas principais características. De outro lado
os que defendem  a comparação dos vinhos
sem conhecimento do rótulo, o que permite que o melhor vinho se expresse sem
interferência da marca. Quem está certo e quem está errado? Para mim depende da
ocasião e do porque estamos bebendo. Senão vejamos: Se a ocasião é um jantar
com amigos onde cada um leva um vinho mais raro ou que o consumidor  aprecia,  não faz muito senso ficar fazendo comparações
técnicas, afinal vale mais a curtir o momento sem preocupações com
tecnicalidades. Mas quando você faz parte de um grupo ou confraria na qual se
define um tema onde todos deverão trazer vinhos da mesma espécie, ou vinhos que compatibilizem com pratos servidos, aí sou de opinião
ser mais propício e educativo não sabermos que rótulo estamos tomando, aceitando
nossa escolha daquele que melhor performou entre os participantes. Em minha
experiência nas diversas confrarias que adotam este modelo posso dizer que temos
tido muitas confirmações dos mais famosos, serem os melhores, mas também muitas
surpresas de vinhos menos conhecidos. Muito raramente termos unanimidade, mas quase
sempre os vinhos escolhidos tem o voto da maioria dos participantes, o que
valida os resultados, especialmente quando os teoricamente favoritos não são os
ganhadores. Como jornalista especializado em vinhos e responsável por organizar
degustações para a revista Go Where Gastronomia já tive muitas experiências
curiosas. Normalmente solicito os vinhos para as importadoras com temas
definidos, e as provas sempre contam com 8 a 10 profissionais do vinho sendo as
degustações realizadas às cegas, em uma delas  a alguns anos atrás com o tema Champagne, percebi
que uma das importadoras não havia enviado o seu exemplar, e decidi ligar para o
proprietário para confirmar se ele enviaria ou não seu representante, a resposta
foi direta, vou mandar sim mas não enviarei meu champagne TOP pois ele não
precisa de propaganda e se ficar para trás na prova não vai pegar bem.  Também tivemos outra
situação muito interessante quando um vinho não tão conhecido ganhou uma
degustação de Rioja Reserva, e o sucesso foi tão grande que acabou com os
estoques do importador. 
Acho que esses dois fatos exemplifica bem nosso  tema! Aliás em nossas degustações mensais é bastante comum
termos boas surpresas com vinhos não tão conhecidos tornando-se ótimas
alternativas de compra para os leitores e degustadores. Acho que ficou claro
que profissionalmente prefiro degustações às cegas, mas vinho é prazer, logo
 curta seu  da forma que achar melhor!  Salute  

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