Casa Real continua reinando

O Casa Real da centenária vinícola Santa Rita que
foi fundada em 1889 sempre esteve para mim no topo dos grandes vinhos das Américas
e entre os 3 melhores vinhos produzidos no Chile. Este verdadeiro ícone chileno
foi produzido pela primeira vez em 1989 das hábeis mãos de Cecília Torres que se
manteve à frente da área enológica até a safra de 2010. De lá para cá, coube ao
competente Sebastian Labbé cuidar desta joia da Santa Rita. E foi Sebastian quem
comandou recentemente uma vertical que contou com as safras de 1995, 1998,
2001, 2009, 2011, e 2014. 


O Casa Real é um varietal 100% Cabernet Sauvignon
elaborado com uvas de vinhedos com mais de 40 anos de idade, localizados na região
de Carneros Viejos, Alto de Jahuel em Maipo Alto, conhecido por seus solos
aluviais e coluviais, onde o clima é mediterrâneo semi árido, marcado por
invernos frios com chuvas moderadas, verões quentes e secos, e oscilação de
clima entre o dia e a noite que pode chegar a 20%, o que permite elaborar
vinhos muito complexos e elegantes. O vinho é produzido somente em anos onde a
safra é considerada excepcional. Vamos a minha leitura de cada uma das safras
provadas:

Casa Real 1995 – Vinho granada extra tinto, halo
de evolução. Ofativamente complexo, aromas de frutas maduras, ameixa, cassis, menta,
toque terroso, couro, e baunilha. Vinho estruturado, taninos finos, ponta de álcool,
redondo, gordo, final de boca com presença intensa de terciários e frutas evoluídas.
Um vinho ainda com aquele estilo mais novo mundista, mas mesmo com idade
avançada ainda com bom potencial de guarda. Safra quente, e seca.

Casa Real 1998 – Granada ralo, halo intenso. Austero,
ameixa, tostado, terroso, menta, lácteo, e baunilha. Tripé correto, taninos
sedosos corpo curto final de boca marcado por frutas evoluídas e muita
elegância. Vinho que para mim está pronto para consumo e começa a apresentar
mais aromas terciários do que fruta, o que me faz recomendar evitar a guarda desta
safra. Safra difícil, mais chuvosa, trabalharam muito no campo para evitar o crescimento
vegetativo. Ano mais fresco.

Casa Real 2001 – Rubi brilhante, média concentração,
sem halo aparente. Vinho com diversas camadas olfativas, frutas vermelhas maduras,
cacau, cereja no licor, especiarias, ervas aromáticas e tabaco. Acidez
cortante, leve acidez volátil, taninos presentes, mas muito finos, bom corpo,
final de boca vibrante, e fresco. Um vinho pronto, mas com estrutura para
muitos mais anos de vida. Foi meu exemplar favorito. Colheita parecida com safra
de 1995 mas mais quentes, e mais chuvoso.

Casa Real 2009 – Rubi, média concentração, leve
halo. Café, fruta vermelha madura, cereja, especiarias, e tostado. Na boca, boa
acidez, macio, taninos finos, quente, final de boca frutado e tostado com
álcool mais aparente. Um vinho mais pronto fácil de gostar, potente, mas bem
equilibrado. Ano quente.

Casa Real 2011 – Rubi violáceo, sem halo. Frutas
negras  frescas, baunilha, menta, grafite,
e mineral. Ótima acidez, taninos finos ainda presentes, corpo médio, final de boca
leve, final frutado e tostado. Um vinho muito direto e agradável no olfativo, que
na boca parece mais alcoólico, mas que para min tem falta de estrutura e meio
de boca, o que faz crescer a sensação alcoólica. Foi a safra que menos me
agradou. Condições climáticas favoráveis.

Casa Real 2014 – Rubi, média concentração, sem
halo. Olfativamente ainda jovem, frutas negras frescas, grafite, herbáceo,
tostado, e mineral. Na boca equilibrado, redondo, macio, taninos empoeirados corpo
médio e final leve com frutas negras e alcaçuz. Um vinho jovem já pronto para
beber, mas com tremendo potencial de envelhecimento.  

Meu agradecimento ao pessoal da Santa Rita por
esta deliciosa experiência! E viva o Casa Real !

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