No mês passado tive o prazer de participar e uma exclusiva degustação virtual organizada pela Grand Cru comemorando os 150 anos da vinícola Errazuriz. Nesta ocasião nos foram enviadas quatro safras do ícone chileno Don Maximiano: 1983, 1990, 2007 e 2017. Além de comemorar os 150 anos de fundação o principal objetivo do produtor foi o de mostrar o grande potencial de envelhecimento dos vinhos elaborados no Chile. Esta linha de vinhos é elaborada com uvas dos vinhedos Don Maximiano, localizados no Vale de Aconcagua, em seus blocos mais antigos Max 1, Max 2, e Max 5, todos voltados para o Norte ou Nordeste.
Meu exemplar favorito foi o 1983, um varietal 100% Cabernet Sauvignon com 12% de álcool e 7 meses de guarda em toneis de Rauli (arvore chilena) – Um vinho encantador, com aromas balsâmicos, elegante com um perfil mais austero e senhoril e que ganhou complexidade olfativa com sua longa guarda, e que estava vivo e perfeito ainda hoje para consumo. A seguir provei a safra 1990 um varietal 100% Cabernet Sauvignon com 12,5% de álcool e 12 meses de guarda em barricas francesas. Este exemplar já apresentava um pouco mais de trabalho de vinificação e de contacto com madeira, boa presença de frutas, e de terciários como tabaco, e couro, um pouco mais pesado que o anterior, mas ainda assim elegante e harmonioso. O próximo na lista foi o da safra 2007, um corte com 83% de Cabernet Sauvignon, 10% de Cabernet Franc e 7% de Petit Verdot com 14,5% de álcool e 20 meses de guarda em barricas francesas. Um bom exemplo do que chamamos de “fruit bomb”, com tudo um pouco a mais, destacando seu peso em boca e excesso de frutas como cassis cereja, e madeira, e baunilha no nariz, mesmo assim agradou pelo equilíbrio em seu tripé álcool, tanino e acidez. A prova foi encerrada com um exemplar da safra 2017 Um corte com 67% de Cabernet Sauvignon, 12% de Malbec, 8% de Carmenere, 7% de Petit Verdot e 6% Cabernet France com 22 meses de guarda em barricas francesas e 14% de álcool. Um vinho ainda muito fechado em seu olfativo por conta da juventude, mas já trazendo notas de violeta, cereja e especiarias, e muito harmonioso e equilibrado na boca apesar de ter 14% de álcool de de sua juventude. Um vinho mais vertical e seco que promete longa guarda.
No bate papo com Francisco Beting enólogo responsável pela elaboração desta linha de vinhos ficou clara a tendência atual em gerar vinhos com o mesmo perfil elegante dos exemplares pré Parker, mas por um lado utilizando a melhor tecnologia disponível, e tendo que enfrentar os novos fatores climáticos, como o aquecimento global e as já usuais variações de clima de cada safra. A prova foi um bom exemplo de que produtores focados em qualidade podem produzir grandes vinhos de guarda em qualquer país, e o Chile é certamente um deles, especialmente quando falamos de Cabernet Sauvignon que lé se adaptou perfeitamente.
Algumas safras provadas estão disponíveis à venda na Grand Cru como parte das comemorações dos 150 anos deste produtor, mas fique claro que são poucos exemplares.
Safra 1983- Esgotada, Safra 1984 – R$ 1.499, Safra 1989 – R$ 1.499, Safra 1990 -R$ 1.399, Safra 2007 – R$ 1.299, Safra 2017 – R$ 934.
Parabéns a Errazuriz e a Grand Cru por esta oportunidade única.
Grand Cru – Site: https://www.grandcru.com.br – Fone 0800 777 8558