Um Bordeaux argentino: Cheval des Andes

Uma joint venture de muito sucesso é o que posso afirmar sobre o Cheval des Andes, nascido da união da Terrazas de los Andes e do produtor de um dos ícones franceses, o  Château Cheval Blanc. Elaborar um vinho equivalente a um Premier Grand Cru na Argentina e que tivesse a Malbec como uma das principais variedades sempre foi um sonho de Pierre Lurton, atual presidente da Cheval Blanc e do Château D’ Yquem. Pierre sempre menciona que a Malbec foi uma das uvas mais importantes dos cortes bordaleses pré filoxera e lamenta ela ter sido esquecida em Bordeaux após a praga que a dizimou na região. Hoje ela é encontrada com maior destaque em Cahors e na Argentina e Pierre comentou a anos atrás que essas últimas eram o que de melhor podiam ser encontradas no mundo. Sua paixão por esta variedade o fez buscar vinhedos que mais se aproximavam das Malbec antigamente plantadas em Bordeaux, e foi assim que em 1998 em viagem à Argentina junto com Bernard Arnault ( Presidente da LVHH proprietária do Château Cheval Blanc) encontrou o vinhedo Las Compuertas  em Mendoza plantado em 1929.

O próximo passo foi o de encontrar o parceiro ideal, o que ocorreu em 1999 quando se associou à Terrazas de Los Andes. Contei toda esta história para introduzir de forma mais ilustrativa o concorrido Live que tive a honra de participar ontem para o lançamento da safra 2017 do Château Cheval des Andes que contou com a presença do próprio Pierre Lurton, Gérald Gabillet( enólogo chefe da casa), Catherine Pettit (General Manager no Brasil) e Paula Frerejean ( Gerente de produto no Brasil).

Pierre Lurton

A joint venture conta hoje com dois vinhedos, o La Consulta com 15 hectares, e Las Compuertas com 32 hectares. A primeira safra deste rótulo foi a de 2001 mas só em 2003 é que o desejo de Pierre de ter a Malbec como majoritária se concretizou, houveram  safras em que até se usou um pouco de Petit Verdot e Merlot, mas de acordo com Gerald as safras atuais serão mais focadas na Malbec e na Cabernet Sauvignon mais adequadas ao estilo de vinho que querem produzir e que tem três pilares básicos: Frescor, grande potencial de guarda e elegância. Outras informações importantes dadas por Gerald: maior atenção com o trato dos vinhedos, vinificação simples, evitando macerações longas buscando favorecer os aromas primários, uso cuidadoso das mesclas certas e de tempo de passagem por madeira evitando excessos, e utilização de rolhas de maior densidade. Comentou também sobre a mudança de rótulo para que fique mais próximo do irmão mais famoso, e finalmente dos estudos para que no futuro façam o lançamento de um segundo vinho em linha como é a tradição de Bordeaux. Vamos passar agora para detalhes da degustação e do vinho em si. Todos os convidados receberam em suas casas uma garrafa da safra 2017 além de uma generosa tábua de frios e queijos para acompanhar a degustação que iniciou as 11 da manhã com a fala de Pierre e de Gerald.

Cheval dus Andes 2017 – Corte com 62% de Malbec e 38% de Cabernet Sauvignon, 14% de álcool, e 15 meses de guarda, sendo 90% de barricas, tonneaux, e fouldres franceses, e 10% em toneis mesclados de carvalho húngaro, austríaco e da Eslavônia. – Rubi extra tinto sem halo. Olfativamente complexo com aromas balsâmicos cerejas, incenso, especiarias, chocolate amargo, e delicado tostado. Na boca, tripé acidez, taninos e álcool em perfeita harmonia, corpo médio, textura delicada, longo, final de boca frutado com ligeira presença de terciários. Um vinho guloso, elegante e com muito frescor, e que vai ganhar ainda mais complexidade e maciez com tempo de guarda em garrafa. Adoraria tomar esse exemplar daqui a 3 a 4 anos.

Preço para consumidor final R$ 895,00.

Gerald Gabillet

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