Todos os anos tenho a honra de ser um dos representantes brasileiros junto ao Eduardo Milan e ao Marcelo Copello para participar dos anteprimas toscanos onde os últimos dois dias são dedicados ao lançamento das novas safras dos Brunellos e dos Rossos de Montalcino. Neste ano já recebi o convite formal para participar no período de 14 a 21 de Maio mas devido a pandemia tive que declinar o sempre tão esperado convite. Espero que até lá as coisas na Itália entrem nos eixos e os Anteprimas ocorram em segurança. Como a programação inclui diversas denominações e a realização ainda não estava definida alguns consórcios já realizaram degustações com jornalistas da Europa e recentemente tive a oportunidade de ler um artigo da amiga Michele Shah sobre os Brunellos que me agradou muito e que mostra o atual panorama destes maravilhosos vinhos. Desta forma solicitei e recebi autorização dela para postar a matéria para meus leitores. Muito obrigado Michele é uma pena não poder nos encontrar este ano.
Texto de Michele Shah
Foi ótimo pegar a estrada depois de tantos meses sem comparecer a nenhuma atividade de degustação “ao vivo” e dirigir até Montalcino, uma pitoresca viagem de cross country que leva cerca de uma hora e meia de minha casa na Toscana (perto de Arezzo). Continuo ainda trancada, mas tinha todos os meus papéis e licenças para seguir viagem. Um vento gelado me recebeu ao chegar a um Montalcino vazio, quando em outros anos nestes finais de semana costuma estar cheio de turistas, mas esta é a primeira vez que vi todas as lojas de vinho e restaurantes fechados devido ao bloqueio.
O convite especial do Consorzio Brunello de Montalcino foi feito para alguns membros da imprensa local para que pudessem provar o recém-lançado Rosso di Montalcino 2019; o Brunello di Montalcino de 2016 e o Riserva di Brunello di Montalcino de 2015.
Ouvi dizer que 2016 foi uma ótima safra, e por conta disso estava muito ansiosa para provar os vinhos, e após prova-los devo dizer que provavelmente será uma das melhores safras de Brunello que já tomei nos últimos anos. Diz-se que é comparável à safra de 1990 e recomendo que se você estiver procurando uma safra de Brunello para guarda, esta é a safra adequada.
A sara tem todas as qualidades esperadas para um bom Brunello e certamente digno de envelhecimento, com taninos incrivelmente finos e ótima acidez. Enquanto provava cerca de 60 Brunellos 2016 (apenas um terço dos oferecidos!) me impressionou a consistência da safra, que refletiu muito bem a distinção entre os terroirs e sub zonas desta importante região toscana. Alguns dos meus favoritos mostram uma elegância realmente fina. Outra coisa que chamou minha atenção na safra 2016 foi a presença de um bom número de produtores menos conhecidos que apresenaram vinhos acima da média, com uma estrutura tânica consistente de grande profundidade. Vinhos realmente verticais. A elegância da Sangiovese realmente se mostrando por aqui.
Já o Riserva 2015, também veio de uma grande safra, mas com um caráter muito diferente a do ano de 2016, vinho opulento, com fruta exuberante madura, mais aromática e mais evoluido em comparação com o austero 2016. Bem, isso é apenas mostra a beleza do caráter de safras diferentes que irão evoluir ao longo do tempo de uma maneira diferente. Mas são certamente duas grandes safras para serem desfrutadas nos próximos anos. Segue minha escolha dos Brunello di Montalcino 2016 dentre os vinhos por mim provados: Argiano, Altesino, Barbi, Camigliano, Campogiovanni, Capanna, Casanova dei Neri, Castiglion del Bosco, Cinelli Colombini, Col d’Orcia, Giodo, Il Poggione, La Lecciaia, Le Chiuse, Lisini , Poggio Antico, Poggio di Sotto Petra, San Polo, Sesti, Talenti, Tenuta San Giorgio, Tenute Silvio Nardi, e Roberto Cipresso.
Aproveito para agradecer novamente a Michele por me autorizar a dividir suas opiniões sobre as safras 2016 e 2015 e seus vinhos favoritos de 2016.
Salute Brunello.