Angelo Gaja é certamente o maior e mais reconhecido nome dos vinhos italianos na atualidade, e definitivamente tudo em que ele toca parece virar ouro. Sua história teve início em 1961, quando aos 21 anos passou a trabalhar na vinícola fundada por seu bisavô Giovanni, responsável pelo início das atividades da família Gaja no mundo dos vinhos, no distante ano de 1859. Com formação enológica obtida em Alba e na universidade de Montpellier, Ângelo teve a felicidade de trabalhar em uma empresa já bem-organizada e reconhecida como proprietária dos maiores vinhedos em Barbaresco. Por outro lado, ele teve que afrontar seu pai, um produtor tradicionalista, para implantar novas tecnologias, como controle de temperatura no processo de vinificação, fermentação malolática e, até o uso de uvas e de barricas francesas. Assumidamente modernista em alguns aspectos, nunca deixou se levar pelos excessos dos modernistas mais radicais, mantendo muitas das práticas tradicionalistas, como o uso de grandes bottes, especialmente da Eslavônia, de forma parcial ou total em alguns rótulos, só para citar um exemplo. Por produzir os melhores Barbarescos da região, passou também a ser referência e ter muitos seguidores, como Renato Ratti e Aldo Conterno. Sempre irrequieto e sonhador, comprou 70 ha de vinhedos em Barolo no ano de 1988, e depois disto expandiu seus negócios para outras regiões da Itália, como Montalcino, Bolgheri e mais recentemente Sicília. Recentemente tive o prazer de participar de duas degustações conduzidas pessoalmente por ele e seu filho Giovanni, que foram organizadas por sua importadora exclusiva no Brasil, a Mistral. Nesta matéria vamos descrever os vinhos elaborados na região de Montalcino, na Pieve Santa Restituta, vinícola adquirida pela família Gaja em 1994 que só elabora vinhos com denominação Brunello di Montalcino, além de dois Crus, o Sugarille e o Rennina.
Os vinhos provados
Brunello di Montacino 2017 – Vinho elaborado com uvas mais novas de 4 vinhedos, a saber Sugarilli, Santo Pietro, Castagno e Pan dei Cerri. Olfativamente muito floral, com violetas, cereja e leve mentolado. Na boca jovem e fresco. R$ 1.270,00 – Safra 3 estrelas
Brunello di Montalcino Rennina 2016 – Elaborado com uvas plantadas ao redor da igreja que dá o nome à vinícola. No nariz traz muita fruta de bosque, toque herbáceo, floral e leve tosta. Na boca com acidez marcante, boa estrutura. Promete longa guarda – R$ 2.205,00 – Safra 5 estrelas.
Brunello di Montalcino Sugarille 2013 – Elaborado com uvas do vinhedo único que lhe dá o nome, localizado a 600 metro de altitude. Frutas negras, cereja, violeta, toque confeitado, zimbro, e uma ponta de mineralidade. Na boca potente, estruturado, mas macio e elegante, marca registrada de Gaja. R$ 2.205,00 – Safra 4 estrelas
Brunello di Montalcino Sugarille 2011 – Cereja no licor, confitado, violetas, erva doce e leve tostado. Na boca alta acidez taninos resolvidos, sensação de álcool mais pronunciada e persistência longa. R$ 2.042,00 – Safra 4 estrelas.
Brunello di Montalcino Sugarille 2004 – Olfativamente complexo, fruta negra madura, cardamomo, grapefruit, flores secas e sottobosco. Na boca tripé acidez, taninos e álcool em perfeita harmonia, sedoso, longo, final de boca maduro. Um vinho em seu auge. Foi meu favorito do painel. R$ 3.808,00. – Safra 5 estrelas.
Brunello di Montalcino Sugarille 2000 – Complexo, cereja no licor, ameixa, intenso floral, tabaco, balsâmico e tostado. Na boca, alta acidez, estruturado, persistência longa, final marcado pelas frutas maduras e aromas terciários. Vinho que me surpreendeu pela alta qualidade de uma safra considerada não muito boa. Com potencial para maior guarda. R$ 5.522,00 – Safra 3 estrelas
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