
Um pouco de história sobre a lasanha
Relatos históricos datados de 1284 na região de Parma na Itália afirmam que as primeiras receitas da lasanha eram uma mistura de água e farinha, cortada em tiras largas, fervida em caldo ou água e servida seca com queijo ralado. Com o passar do tempo foram adicionados ovos que substituíram, total ou parcialmente, a água da massa, conferindo maior tenacidade a mesma. Já em 1570 existem citações de lasanha assada composta de farinha, água, manteiga e açúcar – e temperada em camadas com manteiga, muçarela parmesão, açúcar, pimenta e canela. Esta forma de preparo se manteve, até à segunda metade do século XVIII, quando a lasanha assada se tornou popular. Em muitos casos o recheio era composto por queijo, fiambre e sobretudo molho de carne, coberta com um molho de carne espesso e saboroso. Esta receita ganhou novos ingredientes de acordo com a região onde passou a ser elaborada e hoje temos algumas mais populares, começando com a Lasanha alla milanesa no final do século XVIII, à base de trufas, manteiga, bechamel, canela e parmesão, posteriormente recheada com filetes de frango, cogumelos e molho de carne e até a eliminação da canela. Seguida da Lasanha Napolitana que incluía camadas de massa intercaladas com um molho de com pequenas almôndegas, rodelas de muçarela ou provolone, queijo ralado misturado com açúcar e canela. No caso da lasanha a Genovese entra em cena o pesto elaborado com basílico, pinoli, alho e queijo pecorino. Finalmente a lasanha a bolonhesa que passou a ter como protagonista espinafre cozido, pancetta, ragu de carne mista moída, bechamel, e queijo parmiggiano. Mas para esta prova nossa lasanha não seguiu nenhuma destas receitas e foi elaborada com funghi porcini, bechamel, presunto cru, ricota e castanha do Para (Os Vinhos

Ficou definido que os vinhos deveriam ser tintos, escolhidos por cada um dos participantes, sem repetição buscando encontrar o vinho ideal para acompanhar o prato. Vamos a eles:

Rosso di Montepulciano Corte Ala Flora 2001- Varietal 100% Sangiovese – Toscana Itália. Vinho macio com tripé acidez, taninos, e álcool equilibrados e olfativo marcado elas frutas vermelhas maduras cogumelo seco e toque terroso.

Tondonia Reseva Tinto 2011– Corte com Tempranillo (75%), Garnacha (15%), Graciano (5%) e Mazuelo (5%) – Rioja Espanha – Vinho austero trazendo frutas negras maduras, muitas flores, ervas secas e couro. Nariz com acidez cortante, taninos presentes, final elegante e fresco.

Côte Rôtie Pierre Gaillard 2012 – Corte de Syrah com Viognier – Rhône França. Vinho com forte presença de frutas negras como amoras, couro, defumado e mineral. Alta acidez, taninos domados, corpo médio final de boca equilibrado, delicioso,

Les Arènes Cornas 2016 – Varietal 100% Syrah – Rhône França. – Vinho com presença de geleia de framboesa, groselha, pedra britada, café e baunilha. Na boca alta acidez, taninos bem presentes, carnudo, boa tensão mais rústico austero com grande potencial gastronômico.

Baron de Chirel Reserva 2017 Varietal 100% Tempranillo – Rioja Espanha. Vinho amadeirado com baunilha, frutas vermelhas maduras e toque lácteo. Boca com boa acidez, encorpado, longo final frutado e tostado e amêndoa amarga, bem Novo mundista

Gevrey Chambertin Ropiteau 2020 Varietal 100% Pinot Noir – Borgonha França – Vinho com frutas vermelhas frescas, morango, floral, bem perfumado, grafite e alecrim. Na boca alta acidez taninos bem presentes final fresco, mas com pouca complexidade, vinho muito jovem pediu anos de garrafa
Alternativa de compatibilização com funghi porcini
A melhor harmonização de vinho com funghi deve considerar vinhos tintos de corpo médio, não muito alcoólicos, e taninos finos, olfativamente marcados por frutas bem maduras e aromas equivalentes aos cogumelos secos, e sous-bois para que se preserve o carácter delicado dos cogumelos. Pelo contrário, no caso dos vinhos brancos são recomendados aqueles com bom sabor e estrutura, amaciados graças ao envelhecimento em madeira.
Nosso Lasanha
Foi elaborada com molho branco, funghi porcini, presunto cru, e castanha do Para. Como o funghi é o ingrediente principal podemos usar o descritivo acima para escolher o melhor vinho, mas não esquecer que o presunto cru irá acrescer um pouco mais de gordura o que pede um vinho mais ácido. Já e as castanhas do Para para mim agregaram apenas mais crocância ao prato.
A Classificação pela média do grupo:
1º Lugar Côte Rôtie Pierre Gaillard 2012
2º Lugar Tondonia Reseva Tinto 2011
3º Lugar Les Arènes Cornas 2016
4º Lugar Rosso di Montepulciano Corte Ala Flora 2001
5º Lugar Baron de Chirel Reserva 2017
6º Lugar Gevrey Chambertin Ropiteau 2020
Conclusão
Pelo visto a alta acidez do vinho foi o que levou os jurados a preferirem os 3 primeiros colocados, o que me faz crer que o presunto cru acabou tendo papel importante na hora da escolha, A seguir veio o Rosso di Montalcino que compatibilizou por semelhança aromaticamente com os fungi e a delicadeza em boca. A seguir o Baron de Chirel que pecou por ser muito pesado para o prato. Para finalizar o Gevrey Chambertin, um grande vinho, mas que não estava pronto para beber