Mario Cordero, Ciro Lilla e Paolo Coppo |
A Mistral já é reconhecida pelos seus fantásticos jantares quando da visita de seus melhores produtores ao Brasil. É uma oportunidade única para clientes que podem conhecer as obras (vinhos) e seus mestres (produtores). Nestas ocasiões os jornalistas também tem a mesma oportunidade, em eventos organizados especialmente para a mídia especializada. Mas coincidência ou não a degustação desta semana foi absolutamente fantástica e me lembrou a do ano passado quando o Ciro trouxe ao Brasil o enólogo Paul Hobbs e que na ocasião eu classifiquei como sendo uma das melhores do ano. Já estou à espera do que teremos em Novembro do ano que vem He He He !!!! Bem neste ano a Mistral não se contentou em trazer apenas um produtor, mas dois, e com uma reputação de fechar o comercio, nada mais nada menos que o badalado e um dos mais premiados produtores de Barolo do Piemonte, Vietti (Mario Cordero) e o Rei dos Barbera, Luigi Coppo. Ótima também foi a escolha do local o Restaurante Bottagallo. Mas vamos aos produtores e seus vinhos:
Vietti – Já por quatro gerações a família Vietti produz vinhos na pequena localidade medieval de Castiglione Falletto , na zona de Barolo. Foi em 1919 que Carlo Vietti fundou a empresa, Seu genro Alfredo Currado substituiu Carlo em 1960 e focou a produção em vinhos de alta qualidade abrindo também o mercado internacional. Como enólogo Alfredo foi o primeiro produtor da região a produzir Barolos com o conceito de Cru ( vinhedos únicos). Em 1961 nascem os primeiros “crus” da Vietti, o Barolo Rocche e o Barbaresco Masseria. Alfredo é também conhecido como pai dos vinhos brancos Aneis, pois em 1967 redescobre esta variedade quase desaparecida e vinificando-a como varietal 100%, tornando este vinho como o mais famoso branco da região de Alba.
Vamos aos vinhos que tivemos a oportunidade de degustar
Roero Arneis 2009 – USD 46,00 – Nota 86
Um branco delicado, muito aromático com predominância de frutas como pêra e maça verde, toque mineral, cítrico, e ligeiro sottobosco. Na boca ótima acidez, corpo médio e boa persistência, retrogosto frutado com toque de amêndoas.
Dolcetto d’Alba Trevigne 2008 – USD 46,00 – Nota 85/100 – O Dolcetto é um vinho que deve ser compreendido para ser tomado, sua característica difere dos potentes Barolos, Barbarescos e até mesmo dos Barberas. São, vinhos leves, para serem tomados jovens. Violáceo, ralo e brilhante. Olfativamente marcado por frutas vermelhas, morango, amora, com ligeiro sottobosco. Na boca boa acidez, taninos leves, corpo curto e persistência média. Toma-se facilmente uma garrafa.
Barbera d’Alba Scarrone Vigna Vechia 2007 – USD139,50 – Nota 93/100 – Aqui temos um dos grandes Barberas da Itália que é elaborado com uvas de um único vinhedo de 2,5 hectares e que já conta com 85 anos, denominado Scarrone. Tem fermentação malolática feita em barricas e 11 meses de maturação, sendo engarrafado sem filtragem. Violáceo, alta concentração sem halo. Olfativamente, complexo, marcado por aromas florais, frutas negras maduras, cereja,especiarias, tabaco, sottobosco , café, e leve vegetal. Na boca, tripé perfeito com ótima acidez, taninos muito finos, encorpado e com persistência bem longa, e retrogosto frutado e tostado. Um Barbera moderno e estruturado.
Vietti – Barolo Rocche 2006 – USD 339,00 – Nota 94/100 – Típico Barolo da escola tradicionalista de produção, mas que em sua elaboração conseguiu a façanha de estar pronto depois de poucos anos.Como todo Barolo é um 100% Nebbiolo mas o produtor informa até os clones que o compõe (75% Michett, 20% Lapia, e 5% Rosé). Fermentação ocorre em tinas de aço inox e maturação de 32 meses em barrica, mais quatro meses de descanso em tanques de aço inox. Também não passa por filtragem. Rubi, média concentração, sem halo. Olfativamente, complexo, austero, ameixa, trufas, floral lembrando rosas, especiarias, trufas, alcaçuz, tabaco, e agradável tostado. Na boca, elegante, com alta acidez, taninos finos ainda não completamente maduros, bom corpo e persistência longa, retrogosto frutado com toque de café. Gostaria de tomar este vinho daqui uns 3 a 4 anos, vai estar perfeito.
Moscato d’Asti Cascinetta DOCG 2009 – USD 44,50 – NOTA 86/100 – Espumante, elaborado 100% com a uva Moscato d’Asti de vinhedo com 35 anos. Fermentação alcoólica em tanques de inox Autoclave o que mantém ainda algum Co2 do processo de fermentação. Cor palha com ligeiro toque verdeal, brilhante. Olfativamente muito agradável sem excesso de doçura, predominância de aromas de pêssego, toques minerais, florais, e ligeiro cítrico. Na boca, fresco, com doçura correta, corpo médio e final de boca agradável com toque de pêssegos.
Luigi Coppo – A história dos reis do Barbera começou no início do ano de 1900 na cidade de Canelli, naquela ocasião a capital do Moscato, A família já está em sua quarta geração é hoje comandada pelos quatro irmãos Coppo: Paolo, Piero, Roberto e Gianni. Junto a Vietti e a outros tradicionais produtores locais foram responsáveis pelo surgimento do projeto Quorum que deu origem aos famosos Super Barberas.
Vamos aos vinhos que tivemos a oportunidade de degustar:
Monteriolo Chardonnay 2006 – USD 134,00 – Nota 90/100 – Um branco para tirar o fôlego. Elaborado com uvas 100% Chardonnay de Agliano em Canelli, fermentação alcoólica em barricas e malolática parcial. Maturação de sete meses em barricas e oito meses de garrafa. Dourado de boa intensidade, brilhante. Olfativamente nos lembra os bons chardonnay da Borgonha com abacaxi maduro, toques minerais, leve baunilha, cítrico, toque lácteo, químico, e tostado agradável. Na boca opulento, com ótimo balanço entre acidez e álcool, encorpado e final de boca marcante, macio, e aromas que confirmam o olfativo.
Barbera d’Asti Camp Du Rouss 2006 – USD 50,00 NOTA 86/100 – Um dos mais vendidos Barberas do mercado. Elaborado com uvas 100% Barbera, maceração feita em contato com as cascas de 7 a 12 dias, e maturação por 12 meses em barricas francesas20% novas e 80% de segundo e terceiro uso. Rubi média concentração e leve halo. Olfativamente agradável com frutas vermelhas maduras, couro, especiarias e toque terroso. Na boca boa acidez taninos firmes, corpo e persistência longa, seco, final de boca frutado.
Alterego Monferrato 2006 – USD 110,00 – Nota 88/100 – Este pode ser comparado com os bons supertoscanos. Elaborado com 60% de Cabernet Sauvignon e 40 % de Barbera. Fermentação malolática e maturação de 12 meses em barricas de carvalho Frances. Rubi, violáceo de média para alta concentração, sem halo. Olfativamente com muita fruta negra, cassis, especiarias, mineral, lembrando grafite, e final balsâmico. Na boca potente, ítima acidez, taninos finos, estruturado corpo longo e persistência longa retrogosto frutado.
Pomorosso Barbera d’Asti 2005 – USD178,00 – Nota 93/100 – Mais um Barbera excepcional, diferenciado dos outros vinhos desta casta por sua extrema elegância. Assim como o vinho anterior tem maceração em contato com as cascas, com delicadas remontagens, fermentação malolática, e maturação em barricas francesas por 14 meses. Rubi de média intensidade e leve halo de evolução. Olfativamente complexo e austero, com predominância de aromas, frutados,cereja no licor, florais, violetas, terciários, café, couro, e toque terroso, e ligeiro mentolado. Na boca elegante, tripé perfeito, boa acidez, taninos muito finos, persistência longa, e retrogosto frutado com toque tostado. Um dos Barberas mais elegantes que já tive a oportunidade de provar.
Moscato d’Asti Moncalvina 2009 – USD 40,00 – Nota 85 – Este Moscato do Coppo é feito para quem gosta um pouco mais de doçura do que o anterior do Vietti – Palha com toques verdeais. Olfativamente mais alegre com notas florais, mel, pêra doce, lixia, e pêssegos. Na boca tem boa acidez, ótimo balanço, corpo médio, persistência média e retrogosto mais frutado e adocicado.
Os dois produtores são representados no Brasil pela Importadora Mistral – Rua Rocha 288 – fone ( 011) 3372 3400 – www.mistral.com.br
Walter Tommasi