COLUNISTAS – “Riesling, a rainha das uvas e o rei dos vinhos”

Por:  Edécio Armbruster

A uva – originária dos vales do rio Reno, foi plantada nessa região pelos romanos. Alguns pesquisadores concluíram, porém que a terra mater do Riesling pode ser a região do Wachau às margens do Danúbio, na Áustria, o Weißenkirchen. Nessa região um vinhedo tem o nome Ritzling permanecendo a dúvida se a uva recebeu o nome do vinhedo ou vice versa.“Nenhuma outra uva reage de uma forma tão sensível às pequenas variações de terroirs ou mostra tanta f lexibilidade como a Riesling. Seco como doce, leve como encorpado, novo como envelhecido, o vinho Riesling está entre os melhores vinhos do mundo“ (J. Mathäß – VINUM 6.1998).

A videira da Riesling é muito exigente, não somente com relação ao solo, como também ao clima onde está plantada. Seu solo favorito é de ardósia, xisto ou rochoso e regiões de clima frio.

Hoje, essa uva está disseminada por todo o mundo: A Alemanha com 18.791 ha, a Alsácia com 3.000 ha e a Áustria com 1.230 ha são as regiões onde o Riesling é mais difundido. Ela encontra, porém, seu apogeu de qualidade exatamente onde provavelmente nasceu, às margens do Reno. Destacam-se aí as regiões do Pfalz, do Rheingau, da Alsácia e as encostas das montanhas junto ao rio Mosel.

A Riesling pode receber, uma denominação particular em cada área onde é plantada : Weißriesling (branco), Rheinriesling (renano), Johannisberg etc. Alguns vinhos são declarados “Riesling”, porém não tem nada a ver como o verdadeiro original renano caso da Riesling itálica (Itália e Brasil). O Riesling Sercial (ilha da Madeira) e Pedro Ximénez, (Espanha), são pelo menos relativamente comprovados seus parentescos com a Riesling renana.

A Riesling serviu para cruzamentos com outras uvas viníferas. Podemos citar entre as “mestiças”: Rieslaner (Silvaner com Riesling), Müller-Thurgau (Riesling com Gutedel); Scheurebe (Silvaner com Riesling); Kerner (Trollinger com Riesling); Bachus (Silvaner x Riesling x Müller-Thurgau).

Há muito já se sabe que a fermentação em barris de carvalho, o repouso por longo tempo nas suas finas leveduras e o engarrafamento tardio dá ao vinho Riesling um amadurecimento longo na garrafa tornando-o pronto para beber em três ou quatro anos. Essa exposição mais longa às leveduras nada mais é do que a realização de uma fermentação malolática sutil e natural, que leva a um abrandamento dos ácidos málicos, permitindo que as filigranas aromáticas do Riesling desabrochem. Dê ao Riesling tempo, é muito utilizado pelos produtores puristas. Mas não é a única filosofia tida como verdadeira. Fermentação em inox em condições controladas, leveduras selecionadas, etc. dão ao Riesling uma visão moderna de amadurecimento rápido e o torna bom para consumo logo após a colheita. É o chamado “Fast-Wine”.

A tipicidade de um Riesling é revelada ou no seu aroma de petrolato, mineral, cítrico de limão, maçã, frutas frescas tropicais e do velho mundo, mostarda amarela, ou no seu frescor dado pela sua acidez exuberante, porém delicada que excitam as papilas gustativas, ou no seu extrato rico e complexo com requintes de expressão que lembram o croma da palheta de um pintor e a dispersão cromática da luz em um cristal, ou ainda na sua persistência longa, penetrante que enche a boca. O Riesling é tudo isso e um pouco mais de tudo isso.


As regiões alemãs mais conhecidas pelos seus Riesling

Mosel – Produz talvez o Riesling de maior elegância de toda a Alemanha. Seu corpo é delicado, com uma acidez alta e muita mineralidade dada pelo solo dexisto. Os vinhos de Berncastell atingem qualidades tão particulares que nenhuma outra região na Alemanha ou fora dela conseguem fazê-lo. Rheingau – Na visão de muitos a região vinícola alemã mais importante para o Riesling. Ele é tido como o padrão desse vinho no Reno. Rheinpfalz – Já no Sacro Império Romano o vinho do Pfalz recebeu o selo propter vini copiam. O solo de ardósia lhe dá um paladar terroso, com um charme menos pretensioso, porém mais volumoso que seus irmãos do Rheingau e do Mosel. Por ser uma região mais quente e seca , produz vinhos de buquê mais intenso e um vinho mais maduro.



O apreciador e o apreciado

O Riesling é um vinho para os iniciados. Ele existe para o deleite de apreciadores, os “Rieslingnófilos”. Cada garrafa apresenta uma personalidade própria.
O Riesling alemão é único, pois combina de tal forma a elegância, o frescor, a delicadeza e muita personalidade que o torna incomparável. O produtor Wilhelm Weil tem uma definição exata :“Riesling, acidez pareada com extrato e açúcares em balanceada perfeição”.

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