Bulgheroni continua dando as cartas

Neste dinâmico mundo dos vinhos encontramos todos os tipos de vinicultores, desde os simples agricultores que deixam de vender suas uvas para produzir seus próprios vinhos e com isto melhorar sua rentabilidade, as vinícolas centenárias, os enólogos que decidem ter seu próprio negócio, e ultimamente artistas, jogadores de futebol, grandes empresas de outros segmentos, normalmente de luxo, e finalmente os milionários amantes de grandes vinhos. Desta última categoria poucos realmente se dão bem pois pensam que é só colocar dinheiro e os resultados surgirão rapidamente, mas claro existe as exceções, e Bulgheroni é um bom exemplo! O bilionário, hoje considerado o homem mais rico da Argentina fez sua fortuna no negócio de petróleo, e como amante dos bons vinhos resolveu investir também neste segmento, mas de forma verdadeiramente profissional, contratando os melhores nomes do mercado para desenvolver seus vinhos, assim como adquirindo o que existe de mais avançado em termos de tecnologia de produção. Nomes como o mestre italiano Alberto Antonini, o renomado francês Michel Roland, como consultores, o chileno Pedro Parra para escolher os melhores terroir etc etc. Buscou também novas regiões como Maldonado no sempre esquecido Uruguay onde em pouco tempo se tornou um dos, ou quiçá o melhor produtor local com vinhos de grande aceitação no mundo inteiro, um verdadeiro sucesso! Para termos a real dimensão do investimento feito por Alejandro, foram mais de 1 bilhão de USD investidos na compra de diversas vinícolas nos últimos 10 anos: No Uruguay Garzon e Bodegas Brizas, na Argentina Vistalba, Argento, e Sarmiento, nos EUA Bulgheroni Estate, e Renwood, na Itália Dievole, Brizio, e Meraviglia, na Austrália Greenock, e na França Chateau Langalerie, e Chateau Suau . Mas o sucesso com vinhos de novas fronteiras agrícolas o fez ir mais longe investindo agora na Patagônia Argentina.

Na semana passada tive o prazer de ser convidado para uma “live” de apresentação desta nova vinícola de Alejandro, a Otronia que contou com a presença do próprio Alberto Antonini, Máximo Rocca diretor, e Juan Pablo Mursia enólogo chefe ambos desta vinícola. Definitivamente um investimento arriscado pelo fato de ser a vinícola mais austral da Argentina localizada em solo desértico, mas que Antonini teve uma sensação positiva desde sua primeira visita ao local confirmada posteriormente pelos estudos de solo desenvolvidos por Pedro Parra. O desafio ficou sendo de elaborar vinhos que mostrassem a característica do local e não vinhos de enólogo. Juan conta que um dos grandes desafios foi a de proteger os vinhedos dos fortes ventos que podem atingir os 100 km por hora, para isto desenvolveram uma parede natural com o plantio de Alamos assim como a instalação de redes de proteção. De outro lado, a vantagem da região contar com dias mais longos e com ótima luminosidade que beneficiam a maturação das uvas. A vinícola conta com 50 hectares plantados dentro do conceito da agricultura orgânica, com as variedades Pinot Noir, Chardonnay, Gewurztraminer, Pinot Gris, Merlot, Riesling e Torrontes. Para a degustação nos foram enviados 4 rótulos de sua primeira safra: Otronia 45 Rugientes Branco 2017, Otronia 45 Rugientes Tinto 2017, Otronia I Pinot Noir 2017, e Otronia III e VI Chardonnay 2017. Honestamente gostei demais dos resultados, os dois primeiros, muito limpos, minerais, com predominância frutada, e ótimo balanço de boca vendidos pela World Wine a RS279. Já o Otronia I Pinot Noir comprovou que podemos encontrar bons exemplares desta uva no novo mundo, vinho de guarda com estrutura e tensão já pronto para o consumo, mas que alguns anos de garrafa o tornarão ainda melhor. Quanto ao Otronia III e VI Chardonnay, que foi meu favorito, sensacional, um branco para fazer história.  Estes últimos dois exemplares vendidos a R$ 669. Guardem este nome – Otronia

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