Sim, o estilo de vinho tem mudado consideravelmente nos últimos anos, lá se foram grande parte dos “fruit bomb” substituídos por vinhos mais elegantes e fáceis de beber. Diminuíram também as ofertas de vinhos de guarda por vinhos prontos, pois os jovens consumidores não tem paciência para esperar os vinhos maturarem. Esta nova tendência trouxe também a vantagem de termos vinhos de custo mais baixo, pois diminuiu o uso das cada vez mais caras barricas de carvalho, enfim, os vinhos ficaram mais verticais, diretos, leves. Gosto muito deste tipo de vinho, mas acho que, com isto, perdemos, em grande parte dos vinhos, o perfeito equilíbrio entre acidez, taninos e álcool, assim como a complexidade dos vinhos feitos para longa guarda. Gostaria de usar como exemplo o molho para uma boa macarronada, gosto muito dos molho que passam rápido pela panela onde você agrega pedaços de tomate sem casca e sementes, complementados por pedaços de muzzarela de búfala, azeite, pimenta, e algumas folhas de manjericão, mas meu coração fica para aquele molho feito com pedacinhos de bacon, salsão, cenoura, tomates, vinho tinto, e até aquela casca de queijo que fica por horas no fogo brando.
Mas os novos tempos nos fizeram vivenciar uma outra experiência, a de ver rótulos cada vez mais fora do padrão tradicional, muito em linha com o fenômeno das cervejas especiais, e noto que muita gente está gostando disto e por vezes comprando o vinho pela imagem. Claro que rótulos diferentes normalmente remetem o consumidor a vinhos contemporâneos ou mesmo mais radicais. Todos nós somos sabedores que o vinho é um negócio como qualquer outro, portanto precisa ser comercializado e o rótulo passa a ser uma forte ferramenta de marketing, um vendedor silencioso que usa da criatividade para fisgar seus clientes, trazendo em suas imagens sua própria identidade. O chamariz pode ser tanto nas técnicas visuais de fotos, desenhos, linhas, manchas, ou em elementos gráficos com modelo de letras alinhamento das mesmas etc. Eles realmente chamam a atenção. Mas quero terminar esta crônica com uma provocação. Você é um consumidor que compra pelo rotulo? Prefere escolher seu vinho por conhecer o produtor? Esses vinhos com novo visual te impelem a comprar ou repelem? Seja lá como for continuem tomando vossa taça de vinho uma ou duas vezes ao dia, afinal “In Vino Veritas”!