Faz muito tempo que quero organizar uma degustação com os melhores vinhos do Douro, mas a cada ano que passa isto está se tornando uma tarefa bem difícil por conta dos preços que estes vinhos atingiram, mas finalmente criei coragem e sugeri o tema para 3 das confrarias das quais participo. Fiz uma lista com os vinhos mais icônicos do Douro e aqueles confrades que tinham um dos exemplares mencionados aderiram à ideia e conseguimos fechar o grupo. Claro que não deu para incluir todos os melhores vinhos, mas estou seguro de que o painel representou muito bem o que de melhor lá é produzido. Foram 8 vinhos e 7 confrades, por ser o organizador decidi colocar 2 exemplares ter mais um grande vinho para provar. Participaram da degustação os seguintes amigos: Alessandro Tommasi, Alexandre Bronzato, João Altman, João Luiz, Luís Thomas, Marcio Guedes e Walter Tommasi.
O Douro é uma das mais tradicionais regiões produtoras de Portugal tendo sido reconhecida como a primeira região vinícola regulamentada do mundo. Importante pela produção de vinhos do porto, viu surgir em 1952 o Barca Velha o primeiro vinho ícone não fortificado lançado na região, e mais recentemente em 2003 ganhou o mundo com o surgimento do projeto “Douro Boys” suportado pela alta qualidade de seus vinhos como pela ótima relação custo benefício. Movimento criado pela união de 5 tradicionais produtores da região (Quinta do Vallado, Quinta do Crasto, Niepoort, Quinta Vale D.Maria, e Quinta Vale do Meão) o projeto teve um sucesso sem precedentes, revitalizando os negócios da região com o surgimento de novos players. Claro que o sucesso fez com que os preços dos principais vinhos subissem vertiginosamente como comprova os vinhos degustados nesta ocasião, fico só imaginando quanto custará uma degustação como esta daqui uns 10 anos? Quem viver verá.
Vamos aos vinhos degustados:
Vale Dona Maria Van Zellers 2007 – Corte de 41castas diferentes, onde se encontram, entre outras, Rufete, Tinta Amarela, Tinta Francisca, Sousão, Touriga Franca, Tinta Roriz e outras típicas do Douro. Passagem de 21 meses em barricas francesas (60% novas e 40% com um ano de uso, e 14,5% de álcool. – Preço em Portugal Euros 43,50 para safra 2017. Preço no Brasil R$ 878 para safra 2017. – Rubi indo para granada, média para alta concentração, leve halo. Ofativamente complexo, frutas negras maduras, alecrim, sálvia, violetas, couro, toque químico e delicado tostado. Boca harmoniosa com tripe acidez, taninos e álcool em linha, corpo médio, final de boca aveludado com frutas maduras, e tostado delicado. Um vinho elegante envolvente para beber de garrafa. – Disponibilizado pelo confrade Walter Tommasi
Batuta Niepoort 2016 – Elaborado com uvas de vinhas velhas com 70 anos e outras acima de 100 anos – Corte de Touriga Franca, Tinta Roriz, Rufete, Malvasia Preta e outras. Com passagem de 22 meses por barricas francesas e 12,5% de álcool. – Preço em Portugal Euros 53,50 para safra 2016 – Preço no Brasil R$ 1.132 para safra 2014 – Violáceo, extra tinto, sem halo. Olfativamente muito limpo, violetas frutas negras frescas, grafite, tinta de caneta, mineral. Na boca, ótima acidez, taninos finos ainda presentes, corpo médio, persistência longa, retrogosto com frutas negras, leve lácteo, e discreto tostado. Um vinho delicado, bem no estilo atual de vinhos menos extraidos, vibrante ainda bem jovem, que promete demais com mais uns anos de garrafa. – Disponibilizado pelo confrade Altman.
Cryseia Pratt ad Symington 2016 – Corte de Touriga Nacional e Touriga Franca com passagem de 15 meses em barricas de carvalho francês de 400 litros e 14,3 % de álcool. –. Preço em Portugal Euros 70 para safra 2016. Preço no Brasil R$ 1335 para safra 2015, – Rubi, extra tinto, sem halo. Fechado, frutas negras frescas, framboesa, tostado delicado, grafite, mineral e tostado. Na boca, ótima acidez taninos ainda bem presentes, quente, corpo médio, retrogosto rascante, herbáceo, com ligeiro amargor. Mais um vinho jovem ainda com bastante arestas, olfativamente lembra o anterior, mas na boca mais rústico pedindo guarda. – Disponibilizado por Luís Thomas
Quinta do Crasto Maria Teresa 2007 – Corte de Vinhas Velhas com mais de 30 Variedades diferentes com mais de 90 anos de vida. com passagem de 20 meses em barricas novas sendo 80% carvalho francês e 20% carvalho americano e 14% de álcool. -Preço em Portugal Euros 225 para safra 2017. Preço no Brasil 2.800 para safra 2015. – Granada, alta concentração, halo marcante de evolução. Complexo, pimenta do reino, violetas, ameixa, mineral, azeitonas verdes, menta, chocolate amargo, e tostado. Ótima acidez, taninos muito finos já resolvidos estruturado, picante, longo, retrogosto com frutas com ligeira evolução e tostado bem integrado. Grande vinho, muita estrutura sem perder a harmonia. Disponibilizado por Alessandro Tommasi
Quinta do Crasto Touriga Nacional 2004 – Varietal 100% Touriga Nacional, com passagem de 18 meses em barricas novas de carvalho francesas e americanas e14% de álcool. – Preço em Portugal Euros 57 para safra 2016. Preço no Brasil R$ 1.200 no Brasil para safra 2016. – Granada, extra tinto com halo intenso. Café, frutas vermelhas maduras, azeitonas, violetas intensas, e forte presença de terciários. Ótima acidez, taninos ainda presentes, alcoólico, estruturado, longo, retrogosto bem frutado, herbáceo e tostado. Um vinho potente bem no estilo fruit bomb. Disponibilizado por Alexandre Bronzato
Quinta Vale do Meão 2010 – Corte com Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, e Tinta Barroca, passagem de 18 meses por barricas francesas Allier sendo 80% novas com 14,5% de álcool. – Preço em Portugal Euros 245 para safra 2003, Preço no Brasil R$ 1.730 para safra2015, – Rubi, intenso, sem halo. Iniciou aromaticamente bem fechado, violetas, cereja, cassis, químico, herbáceo, anis, e toque de baunilha, Ótima acidez, estruturado, seco, taninos finos ainda presentes, corpo intenso, vibrante, e ponta de álcool. Um vinho de grade potencial também pedindo mais tempo de guarda para mostrar todos os seus predicados. – Disponibilizado por João Luiz
Quinta da Boa Vista Vinhedo Quinta do Oratório 2015 – Corte de vinhas velhas com 90 anos de idade, com passagem de 18 meses por barricas francesas novas, e 13,6% de álcool. – Preço em Portugal Euros 175 para safra 2014. Preço no Brasil R$ 1.930 para safra 2015 – Violáceo, extra tinto, sem halo. Violetas, azeitonas verdes, ervas aromáticas frutas vermelhas frescas, especiarias doces, e grafite. Na boca, ótima acidez, taninos finos, corpo médio, retrogosto frutado picante, tostado bem integrado. Mais um vinho que foi aberto cedo demais. Disponibilizado por Walter Tommasi
Casa Ferreirinha Reserva Especial 2003 – Corte de Touriga Nacional, Touriga Franca, e Tinta Roriz. Com passagem de 18 meses por barricas francesas, e 14,5% de álcool. Preço em Portugal Euros 215 para safra 2003. Preço no Brasil R$ 2.595 para safra 2009. – Granada, média concentração, halo intenso de evolução. Complexo com diversas camadas de aromas, frutas vermelhas maduras já com evolução, chá mate, terroso, flores secas, balsâmico, especiarias, e madeira velha. Ótima acidez, taninos finos e resolvidos, corpo médio, harmonioso, sedoso, e suculento final de boca austero, senhoril. Um clássico que tem a assinatura Ferreirinha. – Disponibilizado por Marcio Guedes.
Para mim ficou mais uma vez confirmado que bons exemplares do Douro precisam de tempo de garrafa para mostrar todos os seus predicados, são vinhos de guarda que em sua grande maioria precisam de mais de 15 anos para serem melhor desfrutados, na mesma linha de grandes Bordeaux, Brunellos, Barolos, Ribera del Duero e outros. Por falar nisto em breve quero organizar uma prova com grandes Brunellos.
Minha classificação:
1)Casa Ferreirinha com 93,5pontos. – 2) Vale Dona Maria 92,5 – 2) Quinta do Crasto Maria Teresa 92,5, – 4 Batuta 92. – 4) Vale do Meão 92. – 6) Quinta da Boa Vista 91. – 7) Chryseia 90,5. – 8) Crasto Touriga Nacional 89,5.
Classificação do grupo
- Crasto Marria Teresa. – 2) Vale Dona Maria. -3) Casa Ferreirinha. – 4) Quinta Vale do Meão. – 5) Quinta da Boa Vista. – 6) Crasto Touriga Nacional. 7) Batuta. – 8) Chryseia