Um fenomeno chamado Etna

Lembro de uma viagem que fiz muitos anos atrás para a Sicília quando tive oportunidade de provar pela primeira vez um Nerello Mascalese. Acostumado aos potentes tintos elaborados com a famosa Nero D’Avola fiquei entusiasmado com a elegância desta uva autóctone da região vulcânica do Etna. Lembro que meu primeiro comentário sobre ela foi “Um Pinot Noir com um pouco menos acidez, complexo e elegante. Inicialmente a variedade participava em cortes onde era majoritária com 80% na denominação Etna Rosso DOC e de 45% a 60% na denominação Faro DOC, mas por sua alta qualidade passou também a ser elaborada como varietal. Seus vinhedos localizados nas encostas do vulcão fazem parte do patrimônio da UNESCO desde 2013.

Grande parte do sucesso dos vinhos lá elaborados surgiu pelo espírito bandeirante de alguns produtores como Cottanera, Castello di Solicchiata, Graci, Girolamo Russo, e Passopisciaro para citar alguns, mas hoje em dia seguidos por todos os grandes nomes do vinho siciliano, como Planeta, Donnafugata,  Tasca d’Almerita,  Cusumano, e Pietradolce da família Faro. Mais recentemente temos visto tambem grandes nomes do vinho italiano já produzindo seus vinhos nesta região como é o caso de Angelo Gaja, Oscar Farinetti (em colaboração com Tornatore) e Carlo Ferrini (com Alberelli di Giodo), passando por Piccini com Torre Mora, sem esquecer o patrono Diesel Renzo Rosso, que assumiu 40% da Benanti, além do recente investimento da Tommasi Family Estates em Linguaglossa, onde comprou a propriedade da família Bambara-De Luca (históricos hoteleiros de Taormina). Outra forma para medir o sucesso dos vinhos do Etna e o valor do hectare de vinhedos, Hoje são 1.200 hectares que compõe a DOC e cada um deles é avaliado de 125 a 150 mil Euros o hectare.

Dados fornecidos pelo Consorzio di tutela dei Vini Etna Doc, liderado por Francesco Cambria, confirmam que o engarrafamento dos vinhos Etna Doc, no primeiro semestre de 2023, cresceram em 6,2% em relação ao mesmo período de 2022, atingindo 3,5 milhões de garrafas, ou 26.343 hectolitros. Olhando para as tipologias individuais, o Etna Bianco DOC cresceu 19% e o Etna Bianco Superiore DO 120%, dando muito destaque as uvas Catarratto e Carricante, no entanto, continua sendo o Etna Rosso Doc, com pouco mais de 1,3 milhão de garrafas, o maior destaque da região. Fica a dica, depois de provar o Nerello Mascalese procure se informar um pouco mais e prove a Frappato, a Nerello Cappuccio e a Perricone outras três uvas autóctones da região do Etna. Se você nunca provou os vinhos desta região, não perca mais tempo, tenho certeza que irá se surpreender.

Fonte : Wine News

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