Mudança na terra dos Amarones ?

Muito interessante a materia da Wine News com Master of Wine Andrea Lonardi também COO da Bertani, pertencente ao grupo Angelini Wines, e Cristian Marchesini, presidente do  Consorzio Vini Valpolicella, sobre o futuro dos vinhos Valpolicella incluindo o icônico Amarone, que vem perdendo espaço na mesa dos consumidores. O Valpolicella abrange 19 municípios, com uma área total de 30.000 hectares, tem seus vinhedos mais altos a 750 metros acima do nível do mar e os mais baixos a 50 metros acima do nível do mar. Da área total 8.600 hectares são cobertos por vinhedos sendo 3.500 deles plantados com uvas “sustentáveis” (orgânicos ou biodinâmicos). A região tem 2.400 viticultores, enólogos e engarrafadores que produzem, segundo dados oficiais do ano passado, 67 milhões de garrafas da denominação Valpolicella, das quais 14,2 milhões são de Amarone, sendo que 61% têm como destino a exportação. O Veneto é um dos territórios vitivinícolas mais “valiosos” da Itália: o valor por hectare varia de 500.000 a 600.000 euros. Mas mesmo com bons números acima os produtores já discutem a possibilidade de melhorar a já consolidada performance pois a tendência de consumo para os vinhos desta região não está parecendo tão promissor. A pergunta a ser respondida é o que será o futuro do estilo dos vinhos Venetos, tanto para Amarone como para Valpolicella, por conta das alterações climáticas, e a mudança no perfil de consumidores.  O sucesso do estilo dos vinhos de Valpolicella especialmente do Amarone se deve ao estilo de vinho por muito tempo dominou o gosto dos consumidores dos EUA e do norte da Europa, que tinham como chamariz serem vinhos macios, quentes, e agradáveis, mais conhecidos por muitos como Fruit Bombs, adequados para serem bebidos fora das refeições. Lonardi explica que hoje esse segmento não cresce mais, o que traz mais sombras do que certezas para o futuro da região. Nos dias de hoje ocorre uma grande mudança no consumo, uma mudança climática e de estilo. Com base nesta realidade ele diz que a região deve mudar e evoluir, redirecionando seus vinhos para uma inovação tanto em termos de geografias de mercado como de perfil de consumidor. É preciso pensar num Amarone que equilibre os seus fatores de produção: o método, o território (solo, vinha, clima), as pessoas (produtores, empresas) e a comunicação, e complementa que no seu trabalho de pesquisa para o Masters of Wine mostrou como 65% dos produtores retornarão à forma tradicional na próxima década especialmente nas formas de condução aumentando as latadas em vez das espaldeiras. Também será necessário descobrir como murchar menos essas uvas pois pesquisas mostram que com perda de peso de 20% alcançamos a melhor concentração aromática, em vez dos 40% hoje utilizada, finalmente a redução e a escolha dos tipos de madeira e os recipientes a serem utilizados no processo”. Com isto buscar um vinho fresco, mais leve e saboroso, abandonando o atual conceito de vinhos mais musculosos estruturados, concentrados. Para finalizar dois projetos importantes: um é a criação dos “vales”, em suas subáreas, um caminho longo, mas importante para os produtores de Valpolicella. O outro é o de continuar trabalhando no tema da sustentabilidade, lembrando que em 2023 houve um aumento de 16% de vinhedos certificadas biológicas ou sustentáveis, que resulta em 40% do total da denominação.

E esperar para ver se isto se concretiza.

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