Brandewijn o vinho francês que virou Conhaque

Curta História

Uma versão histórica da origem do conhaque diz que ele surgiu por conta dos holandeses que para manter o vinho potável comprado na França durante sua viagem para a Holanda, acabaram criando o hábito de passar o mesmo uma destilação sendo chamado pelos compradores como Brandewijn (Vinho queimado) e que posteriormente foi reconhecido mundialmente como Brandy. As primeiras casas de conhaque fundadas na França foram Martell em 1715 seguida da Rémy Martin uma década depois. Nesta época o produto era transportado em barris, mas os avanços tecnológicos no século XIX fizeram com que o conhaque fosse enviado em garrafas já possibilitando o registro dos produtos o que possibilitou aos clientes conhecerem a procedência do conhaque, em vez de apenas o comerciante que os trouxera para o país o que trouxe um salto na qualidade destes brandies.

O que é o Cognac

É um destilado de vinho branco seco e ácido, elaborado principalmente com a variedade: Ugni Blanc, acompanhada pelas Folignan, Colombard, Montils e Sémillon produzido na comuna de mesmo nome na região da Nova Aquitânia, no sudoeste da França. A região é dividida em 6 crus, a saber: Grande Champagne: O mais elegante e valorizado, Petite Champagne com Cognacs florais e levemente frutados, Borderies normalmente aromáticos, mas de envelhecimento mais rápido, Fins Bois O maior cru em volume com Cognacs  frutados e de maturação mais rápida, e finalmente Bons Bois, e Bois Ordinaires. No processo de destilação dos Cognacs temos duas fases. 1ª fase: o destilado é dividido em três frações: cabeça, coração e cauda, e 2ª fase: onde só o coração é aceito e destilado mais uma vez gerando o Brandy que é misturado a outros Brandies para atingir o padrão de qualidade equilíbrio desejados, e aí sim guarda para chegar ao tempo formal de envelhecimento em barris de carvalho.

O Cognac  tem um sistema de classificação por conta de sua idade, embora seu uso não seja regulamentado fora dos Cognacs e Armagnacs:

VS – Very Special ou três estrelas, mistura de Brandies mais jovens armazenados por pelo menos dois anos em barril

VSOP – Very Superior Old Pale ou cinco estrelas mistura de Brandies onde o mais jovem é armazenado pelo menos por quatro anos em barril

XO – Extra Old ou Napoleão mistura de Brandies onde o mais jovem é armazenado por pelo menos por seis anos em barril

Hors d’âge oi Beyond Ageé uma designação igual a XO para Cognac, mas para Armagnac designa um brandies com pelo menos dez anos.

Quem é a Lheraud Cognac

Desde 1860 até os dias atuais, a família forjou uma identidade única. Alexandre Lhéraud, que se estabeleceu na região de Petite Champagne para servir o chatelain local, ou zelador do castelo, foi o primeiro a plantar videiras em seu jardim. Victor, Jean, Pierre, Eugène, Rémy e Guy seguiram seus passos. Esses homens de temperamento fino e ética de trabalho firme expandiram a propriedade e aprimoraram seu método, passando adiante sua memória da terra e o cuidado que dedicavam ao seu produto. A propriedade Lhéraud fica entre os vinhedos nas margens do rio Charente, somando 85 hectares de videiras Ugni Blanc, Colombard e Folle Blanche abrangendo seis crus, principalmente em Petite Champagne que com sua terra austera e calcária com estações distintas confere ao conhaque uma mineralidade maravilhosa e longa persistência no paladar.

O Evento

Tive a honra de participar no dia 25/10 deste megaevento de apresentação dos cognacs da Lheraud e que teve como estrela o raríssimo Fin Bois 1802. O jantar ocorreu no novo espaço gastronômico do cultuado Massimo Ferrari ao lado de sua Rotisseria Felice e Maria e teve a seguinte sequência: Salmão defumados com salada Waldorf, Bacala mantecato com Polenta cremosa italiana e Lasagne alla Ferranese gratinada com massa verde, ragu de carne e bechamel, e Filet Mignon ao molho de Trufas negras, batatas, ervilha e guanciale.

Finalmente ficando a apresentação dos cognacs a cargo do amigo Olavo Maciel proprietário da importadora Weinhaus Exzellenz.

Os Cognac servidos:

 LHERAUD CUVÉE 10 elaborado com 100% de uvas Ugni Blanc de Petit Champagne com estágio de 10 anos em barrica – Cor alaranjado, Nariz marcado por ameixas secas, maçã, especiarias doces e baunilha. Na boca picante, álcool na medida, cremoso final de boca com ameixa, e baunilha$ 1.500,00

LHERAUD CHARLES X elaborado com 100% de uvas Ugni Blanc de Petit Champagne com estágio de 30 anos em barricas. Dourado brilhante. Nariz trazendo ameixa seca, uva passa, nozes e caramelo. Na boca estruturado, longo, potente, mas vai amaciando na boca com tempo na taça R$ 4.800,00

LHERAUD GRANDE CHAMPAGNE 1973 elaborado com 100% de uvas Ugni Blanc de Grande Champagne engarrafada em 16 de fevereiro de 2023 após estágio em barrica. Cor Ambar brilhante. Complexo trazendo flores brancas como acácia, couro, tâmara, erva doce e café. Na boca elegante cremoso, macio com retrogosto de frutas secas, tosta e leve Aniz. Precioso R$ 8.800,00

LHERAULD BONS BOIS 1973 elaborado com 100% de uvas Ugni Blanc de Bons Bois engarrafada em 21 de novembro de 2022 após estágio em barrica. Âmbar brilhante, Complexo Ameixa seca, alecrim, eucalipto, violetas e caramelo. Na boca potente, encorpado, mas muito macio e sedoso. R$ 8.800,00

LHERAULD GRAN SÍECLE 1914 elaborado com 100% de uvas Ugni Blanc de Petite Champagne engarrafada em 22 de fevereiro de 2002 após estágio em barrica. Âmbar escuro. Nariz marcado por ameixa preta, tâmara, pêssego, chocolate amargo, e amêndoas. Na boca Sedoso, equilibrado, elegante com final de boca com frutas secas e alcaçuz. Preço estimado na Europa Euros 3.000,00

A estrela da noite

 Certamente a bebida mais antiga que tomei em minha vida um Cognac LHERAULD FINS BOIS 1802 elaborado com 100% de uvas Ugni Blanc de Fins Bois engarrafada em25 de janeiro 005 após estágio em barrica. OBS: Este e outros cognacs foram escondidos durante a guerra napoleónica de 1812 e depois, até aos nossos dias, encontrados intactos num barril durante as obras de renovação da propriedade! Estima-se que esta garrafa deve valer na Europa por 60 mil Euros. Vou tentar descrever esta preciosidade: Cor âmbar intenso brilhante. Aromas intensos de furtas secas como nozes e avelãs, figo rami, tâmara, ameixa, leve medicinal, toque mentolado e café. Na boca alta acidez, estruturado, macio, aveludado, vibrante sem perder a elegância. Que privilégio!

Para finalizar só posso agradecer o gentil convite para participar desta prova histórica organizada pelo amigo Olavo

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