Por: Álvaro Cézar Galvão
Instado a escrever sobre esse país que hoje representa o quarto produtor na América do Sul, resolvi ser o mais estatístico possível, levando os leitores a um conhecimento que provavelmente vai ajudá-los na próxima compra de vinhos.
Quando em 1870 o responsável pela introdução da cepa vinífera Tannat no Uruguai, Don Pascual Harriague, começou a plantá-la comercialmente, não poderia imaginar que anos mais tarde esta cepa ainda seria conhecida a uva emblemática do país. O Uruguai, assim como outros países da América do Sul, por muito tempo consumiu vinhos vinificados com uvas híbridas, e não viníferas, mas quando em 1987 foi criado o INAVI–Instituto Nacional de Vitivinicultura, tudo começou a mudar para melhor, desde a escolha de melhores cepas, estudos geológicos, melhoria de instalações e ganhos em tecnologia. A legislação uruguaia ainda não reconhece denominações de origem e é a seguinte:Vino Común o de Mesa – Vinho Comum ou de Mesa de categoria mais baixa é obtido de uvas de mesa e ou híbridas.Vino Fino o de Calidad Preferente (VCP) – Vinho Fino ou de Qualidade Preferencial é feito com uvas viníferas europeias nobres.Seu clima é marítimo temperado, com cerca de 18ºC de temperatura média anual. Apesar de se situar na mesma latitude de Mendoza (Argentina) e do Valle Del Maipo (Chile), é mais frio e mais úmido que esses, mostrando grande similaridade com a Nova Zelândia. Cercado por grandes volumes de água (oceano Atlântico a leste; rio da Prata ao sul e rio Uruguai a oeste), torna as temperaturas mais amenas e chuvas mais intensas com índices pluviométricos da ordem de 1000 mm/ano.Com quase 85% da produção de vinhos sendo consumida no mercado interno – com um adendo sui generis: mais de um terço destes vinhos é constituído por rosados –, hoje o Uruguai detém uma marca de 31 litros/habitante/ano. As principais regiões vinícolas ficam ao sul de Montevidéu: Canelones, San José, Colônia e Florida. Canelones é responsável por quase a metade da produção. As regiões próximas à fronteira do Brasil, ao norte do país (Salto, Artigas, Rivera e Cerro Chapeu) também produzem vinhos de qualidade. O relevo é constituído por ligeiras elevações e os sistemas de condução das parreiras utilizados são a espaldeira e a lira. O Uruguai possui uma extensa área de vinhedos plantada com a Tannat, cerca de 33%, seguida da Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Syrah e Pinot Noir, dentre as cepas tintas, perfazendo quase 75% do total plantado.Porém, nem só de Tannat e das tintas vive o Uruguai, temos a Chardonnay, a mais plantada das brancas, seguida pela Sauvignon Blanc que tem se expressado em ótimos vinhos, Ugni Blanc ou Trebbiano, Gewürztraminer, Semillion, Viognier, Petit Manseng e Torrontés. Uma vinificação que tem feito muito sucesso é o fortificado de Tannat, que muitas bodegas vinificam, sendo vinho de sobremesa, com forte tendência para harmonizar com chocolate amargo.
Álvaro Cézar Galvão“O ENGENHEIRO QUE VIROU VINHO”
http:// divinoguia.blogspot.com