COLUNISTAS – África do Sul

Por: Roberto Sami Acherboim
betoache@terra.com.br

No país da próxima copa do mundo de futebol, a história da vitivinicultura iniciou-se por volta de 1655, com os colonizadores holandeses, e evoluiu por volta de 1688, quando chegaram os primeiros huguenotes franceses, que se instalaram na região de Franschhoek.No final do século 19, o Vin de Constance, vinho de sobremesa elaborado na região homônima, conquistou grande prestígio na Europa.Em 1917 foi criada uma cooperativa – KWV (Kooperatieve Wijnbouwers Vereniging) – fomentada pelo governo e que tinha como finalidade melhorar a qualidade – e consequentemente a imagem – dos vinhos do país. Hoje, a KWV figura entre os maiores grupos vinícolas do mundo.Infelizmente, de meados da década de 1940 até o início dos anos 1990, a AFS mergulhou num regime segregacionista – o apartheid – que arruinaria por completo e em todos os níveis – humano, social, político e econômico – o país.Praticamente o mundo todo boicotou economicamente a AFS durante esse período, o que fez com que seu mercado entrasse em colapso e sofresse uma profunda estagnação. Com os produtores de vinhos não foi diferente.Já no final do apartheid, de 1992 em diante, a indústria vitivinícola da AFS passou a crescer vertiginosamente em qualidade. Os principais aspectos responsáveis por este crescimento, entretanto, não foram somente econômicos.A AFS tem uma posição geográfica privilegiada, situando suas regiões vinícolas no paralelo 33º, mesmo patamar da Austrália, Chile, Argentina e parte da Nova Zelândia. Além de possuir clima mediterrâneo, é favorecida pela influência da corrente de Benguela, vinda da Antártida, e que, em conjunto com a proximidade dos oceanos Índico e Atlântico, é responsável por atenuar o calor da região, beneficiando o perfeito amadurecimento das uvas.A legislação criada em 1973 – Wine of Origin System – determina as áreas vinícolas, suas regiões e sub-regiões, e preconiza que o cultivo da uva e a produção do vinho deva ser sempre 100 % dentro da zona correspondente. As divisões de regiões, zonas, distritos, áreas e “Estates “ (fazendas) são passíveis de alterações, o que contribui para o progresso do sistema.As principais regiões vinícolas “circundam” a Cidade do Cabo, formando uma espécie de cinturão dessa cidade, uma das mais importantes do país. Além disso, há um importante centro tecnológico – Universidade de Stellenbosch –, responsável por consideráveis avanços na área, dentre eles a criação da uva Pinotage, uva emblemática do país, resultado do cruzamento entre a Pinot Noir e a Hermitage (Cinsault). As principais regiões vinícolas da AFS são: Stellenbosch, Paarl, Franschhoek e Constantia, de onde saem os principais vinhos do país.Suas castas de maior prestígio são as tintas Cabernet Sauvignon, Shiraz, Pinotage e Merlot, além das brancas Chardonnay, Chenin Blanc e Sauvignon Blanc. Para muitos, os vinhos no estilo corte bordalês são o maior trunfo sul-africano, embora há quem considere a Shiraz e a Pinotage como suas grandes apostas no mercado mundial, por sua alta qualidade.Há uma grande lista de produtores de destaque, embora, infelizmente, nem todos estejam disponíveis no Brasil. Mesmo assim, devemos começar a familiarizar-nos com nomes como Kanonkop, Rupert & Rotschild, Meerlust, Beyerskloof, Spice Route, Boekenhoutskloof, Thelema, Glen Carlou, Jordan, Veenwouden, Simonsig, Morgenhof, Neil Ellis, Klein Constantia, Fairview, Asara, Tokara, Uiterwyk, La Motte, Raka, Hamilton Russel e outros tantos.Além de vinhos maravilhosos, e de ser o centro das atenções do mundo esportivo em 2010, é um excelente destino turístico.
Roberto Sami (Beto) Acherboim, enófilo e palestrante

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