Gandolini 3 Marias o novo ícone chileno

Está surgindo um novo vinho ícone no Chile, o Gandolini 3 Marias Cabernet Sauvignon. Já comentei sobre ele em recente degustação às cegas realizada recentemente onde ele foi o destaque da noite entre diversos TOP chilenos. Ainda não publiquei a matéria no meu site pois fará parte da edição da Revista Go Where deste mês, mas a empolgação foi tão grande que, aproveitamos a vinda de Stefano Gandolini para o Brasil como parte de alguns eventos de divulgação de vinhos chilenos, realizados por aqui, para realizarmos um vertical com todas as safras por ele já produzidas, e melhor ainda, com a presença do próprio. Foi uma noite muito especial que contou com a presença de jornalistas especializados e mais alguns  formadores de opinião, e amantes de vinhos convidados por seu importador no Brasil.

Stefano possui formação em agronomia pela Católica do Chile, enologia pela Universidade de Bordeaux e Master em enologia pela Católica di Piacenza na Itália, profissionalmente já foi assistente de enologia no Clos D’Estournel, na Fattoria di Valiano, no Chateau Pavie, na Louis Latour, na Robert Mondavi , assim como chefe de enologia na Vistamar do grupo Morandé, na Terra Andina, na Doña Paula e na Viña Carmen todas do grupo Santa Rita, na Viña Von Siebental , na Viña Ventolera e finalmente em sua própria vinícola desde  2011. Sua vinícola e seus 70 hectares de vinhedos se encontram na DO Vale de Maipo reconhecida por gerar os melhores Cabernet Sauvignon do Chile, localizados a 450 metros acima do mar, e plantados a partir de 2001. A uva base é a cabernet-sauvignon, de seleção massal (quando os viticultores escolhem suas melhores plantas para darem origem a geração seguinte). Gandolini 3 Marias é um varietal elaborado com Cabernet Sauvignon de agricultura orgânica/sustentável da como já informado da região de Maipo Alto dentro da DO Vale de Maipo conhecida como berço dos grandes Cabernet chilenos, seus 3 vinhedos estão localizados nos terraços 3 e 4 que possuem solos aluviais com mais de 50% de pedras pequenas e médias que possibilitam uma excelente drenagem do solo mas também com 25% de argila que retem a agua para uso parcelado da mesma durante o tempo. O vinho e elaborado com leveduras indígenas, descansa por 36 meses em barricas novas francesas de tosta média e granulometria bem pequena, sem filtragem.

 Vamos aos vinhos provados

Safra 2011- Ano fresco com colheita realizada em abril com 14% de álcool. Rubi, média concentração, leve halo. Olfativamente com muitas camadas olfativas, frutas negras e vermelhas maduras, azeitonas verdes, cassis, grafite, herbáceo, couro e tabaco. Na boca tripe acidez, taninos e álcool em perfeita, corpo médio para amplo, suculento, longo, delicado final de boca frutado e bem sedoso. Um vinho elegante, maduro que lembra um Bordeaux, meu favorito entre as safras apresentadas. 94/100

Safra 2012 – Ano seco com alta temperatura, 14,5% de álcool. Rubi indo para granada, boa concentração, leve halo. Fruta negra madura já com ligeira evolução couro, menta e tabaco. Na boca, acidez menos intensa que o anterior, taninos presentes, alcoólico, longo, final fruta doce mais cozida e tostado. Um vinho que reflete bem uma safra quente, mais potente, alcoólico e frutado ainda assim com bom potencial 90/100

Safra 2013 – Ano ligeiramente mais fresco com 14,5% de álcool – Rubi média concentração, sem halo. Mineral, grafite, fruta negra mais fresca, herbáceo e couro. Na boca, ótima acidez, taninos possantes, mas resolvidos, toque alcoólico, final mais potente mais quente, porém mais equilibrado do que o anterior. 91/100

Safra 2014 – Ano quente em parte do tempo, colheita realizada no fim de marco com 14,7% de álcool. Granada, ralo, leve halo. Fruta vermelha cassis, leve menta, carne, e madeira delicada. Tripe correto, com ligeiro tanino predominante, corpo médio, persistência longa, final sanguíneo, ferroso e bem fluido. Vinho que surpreendeu pelo equilíbrio mesmo tendo alto grau de alcolicidade o que nos leva a concluir que acidez estava ótima, ainda jovem, mas com grande potencial. 92/100

Safra 2015 – Ano quente, mas não tanto como o 2012, com 14,8% de álcool. Rubi extra tinto, boa concentração, sem halo. Fruta negra fresca bem presente, herbáceo, pimenta, mineral, grafite mais terroso e tabaco. Na boca, intenso, vertical, picante, encorpado ainda jovem, longo, final frutado e tânico pede garrafa. 93

Safra 2017 – Ano bem quente com pouca chuva, com 14,9% de álcool. Rubi, média concentração sem halo. Fruta negra bem madura, herbáceo e alcaçuz. Acidez média, redondo, mais pesado, taninos intensos, alcoólico, final com frutas doces, e maior rusticidade.  88

Safra 2018 – Ano fresco, com 15% de álcool. Violáceo, concentrado, sem halo.  Complexo, floral intenso, fruta negra fresca, grafite, tostado ligeira canfora, toque mineral. Ótima acidez, seco direto, boa estrutura, taninos presentes, mas muito finos, persistência longa final fresco, mineral com muita tensão. Um vinho jovem já pronto para o consumo, mas prometendo um futuro promissor 93,5

Safra 2019 – Ano fresco com 15% de álcool e 36 meses de barrica engarrafado a 1 mês. Rubi média concentração, sem halo. Fruta negra fresca, especiarias, floral, pedra britada, e tostado mais intenso. Ótima acidez, taninos finos ainda verdes boa estrutura, ponta de álcool, final com fruta doce, e tostado. Um vinho jovem de tudo basicamente saindo das barricas, mas com predicados, Safra para ser analisado daqui um ano.

Nada como uma vertical de um grande vinho para podermos perceber o impacto do clima do ano na performance do mesmo. Gandolini 3 Marias definitivamente entrou no rol dos vinhos ícones chilenos, e Stefano como um dos mais competentes enólogos do país irmão.

Ós vinhos do Gandolini podem ser encontrados na Winepass Fone (011) 98346 8123 – Site www.clubewinepass.com.br

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