A uns meses atrás tive o privilégio de participar como jurado de uma degustação realizada às cegas com oito dos mais afamados vinhos tintos elaborados hoje no Chile, todos de safras disponíveis no mercado brasileiro. Como se tratava de grandes vinhos de guarda muitos apreciadores devem ter considerado isto um infanticídio, mas prefiro dizer que foi uma experiência única que poderá guiar o consumidor a adquirir o vinho já mais pronto para o consumo ou aquele que irá exigir mais tempo de garrafa das adegas dos felizes compradores. Vamos conhecer um pouco mais de cada um dos vinhos, meu descritivo e nota para cada um deles assim como a classificação pela média das notas dos jurados aos vinhos:
Chadwick 2017 – Elaborado com uvas de Puente Alto no Vale de Maule pela Errazuriz, é um corte de Cabernet Sauvignon e Petit Verdot com passagem de 22 meses por barricas francesas, Sua primeira safra foi a de 1999, e seu enólogo atual é Francisco Baetting. 100 pontos James Suckling e 96 Robert Parker – Preço aproximado R$ 2.674,00 no Carrefour – Rubi, média concentração, sem halo. Olfativamente complexo, com frutas negras maduras, leve herbáceo, menta, couro, especiarias e delicado tostado. Na boca, tripé perfeito, macio, taninos resolvidos, final de boca com fruta e cacau. Um vinho elegante, feminino, pronto, foi meu vinho favorito.
Clos Apalta 2017 – Elaborado com uvas do Vale de Apalta em Colchagua, pela Casa Lapostolle, é um corte Carmenere, Cabernet Sauvignon Merlot e Petit Verdot com passagem de 27 meses por barricas francesas sendo 84% novas. Sua primeira safra foi a de 1997, e seu enólogo atual é Jacques Begarie. 100 pontos James Suckling e 95 pontos Robert Parker. – Preço aproximado R$ 2.097,00 na Mistal – Rubi, extra tinto, sem halo. Cereja no licor, azeitona preta, terroso, e maior presença de terciários. Acidez correta, taninos delicados ainda presentes, encorpado, persistência longa, retrogosto marcado pela fruta negra e do alcaçuz. Vinho pronto para consumo.
Montes Taita 2018 – Elaborado com uvas de Marchigue, Vale de Colchagua pela Viña Montes, é m corte com 85% Cabernet Sauvignon, e 15% de outras variedades a critério do enólogo com passagem de 24 meses por barricas francesas novas. Sua primeira safra foi a de 2007, e seu enólogo e o próprio Aurélio Montes. 96 pontos por James Suckling e 93 pontos para Robert Parker para safra 2014. Preço aproximado R$ 2.700,00 na Mistral . – Rubi, extra tinto sem halo. Flores escuras, frutas negras, leve redução, especiarias doces, e fosforo. Acidez correta, taninos presentes de boa qualidade, encorpado, longo, retrogosto com chocolate amargo e cereja. Um vinho jovem com grande potencial de evolução.
Seña 2017 – Elaborado com uvas do Vale de Aconcagua no Maipo pela união da Família Chadwick e Robert Mondavi, é um corte com Cabernet Sauvignon, Malbec, Petit Verdot, Carmenere e Cabernet Franc mas que varia o porcentual todos os anos por conta das safras, com passagem de 22 meses em barricas francesas sendo 70% novas. Sua primeira safra foi a de 1996, e seu enólogo atual é Francisco Baetting. 99 pontos James Suckling e 96 pontos Robert Parker. Preço aproximado R$ 2.300,00 na World Wine – Rubi, extra tinto, sem halo. Pelo de animal, frutas negras, cereja, vegetal, violetas, toque ferroso, cravo e tostado. Alta acidez, taninos finos levemente presentes, corpo médio, persistência longa e retrogosto sanguíneo. Um vinho mais austero, direto onda a boca foi melhor que o nariz. Um grande vinho que pede mais tempo de garrafa.
Almaviva 2018 – Elaborado com uvas de Puente Alto no Vale de Maule, pela união da Concha Y Toro e da Baron Phillipe de Rothchield, é um corte de Cabernet Sauvignon e Carmenére, complementadas, dependendo da safra, pela Cabernet Franc, Petit Verdot e Merlot. Sua primeira safra foi a de 1996, e seu enólogo atual é Michel Friou. 98 pontos James Suckling, e 96 Robert Parker. R$ 2.300,00 na Adega on Line – Rubi, extra tinto, sem halo, Abriu com um floral intenso, fruta negra em compota, ervas aromáticas, caramelo e baunilha. Na boca boa acidez, taninos finos presentes, encorpado, alcoólico, longo, final de boca extremamente frutado. Um bom exemplo de vinhos estruturados e poderosos do novo mundo, pedindo guarda.
Gandolini Las 3 Marias 2015 – Elaborado com uvas doo Vale de Maipo por Viña Gandolini , é um varietal 100% Cabernet Sauvignon, com passagem de 24 meses por barricas novas francesas. Sua primeira safra foi a de 2011, e seu enólogo atual é o próprio Stefano Gandolini. 96 pontos Guia Descorchados. Preço aproximado R$ 890,00 na Wine’s Life – Rubi, extra tinto, leve halo. Fruta negra fresca, herbáceo, mineral, pimenta do reino, leve tostado. Alta acidez, taninos finos, corpo médio, retrogosto com grafite e fruta negra. Um vinho vertical, direto que lembra um Cabernet Franc, bem em linha com a nova tendência mundial. Pronto para consumo.
Vik 2016 – Elaborado com uvas de Millahue no vale de Cachapoal por Viña Vik, é um corte de Cabernet Sauvignon, Carménère, Cabernet Franc, Merlot, e Syrah com passagem de 22 meses por barricas francesas. Sua primeira safra foi a de 2009, e seu enólogo atual é Cristian Vallejo. 99 pontos James Suckling. Preço aproximado R$ 1.210,00 na Super Adega – Rubi, extra tinto, sem halo. Boa complexidade olfativa, fruta negra madura, couro, grafite, mineral, e agradável tostado. Ótima acidez, taninos finos presentes, longo, seco, estruturado, média viscosidade, prometendo longa guarda.
Don Melchior 2019 – Elaborado com uvas de Puente Alto no Vale de Mule pela Concha Y Toro, é um varietal 100% Cabernet Sauvignon, com passagem de 24 meses por barricas francesas. Sua primeira safra foi a de 1987, e seu enólogo atual é Enrique Tirado. 99 pontos James Suckling e 94 pontos Robert Parker – Preço aproximado R$ 1.350,00 na Casa Santa Luzia- Rubi com reflexos violáceos, média concentração, sem halo. Frutas vermelhas maduras, lácteo, menta, especiarias e terroso. Alta acidez, taninos intensos, encorpado, final de boca com bala toffe, e baunilha. Um vinho muito jovem com forte presença de aromas lácteos, pede garrafa. Jovem de tudo precisa descansar na adega.
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Vamos conhecer meus favoritos: 1º Chadwick 2017, e Gandolini 2015, ambos com 94 pontos, 3º Montes Taita 2015, e Vik 2016 com 93 pontos, 5º Seña 2017 com 92 pontos, 6º Clos Apalta 2017 com 91 pontos, e Almaviva 2018 com 91 pontos e 8º Don Melchor 2019 com 90 pontos
Na soma do grupo a classificação ficou da seguinte maneira: 1º Gandolini 2015, 2º Clos Apalta 2017, 3º Vik 2016, 4º Chadwick 2017, 5º Almaviva 2018, 6º Montes Taita 2013, 7º Don Melchor 2019, 8º Seña 2017
A degustação contou com a presença de 12 degustadores, a saber Beto Duarte, Regis Ghelen, Alex Ordenes, Didu Russo, Sérgio Queiroz, Breno Raigorodsky, Gláucia Balbachan, Kaue Fernandes, José Maranhão, Viviane Chow, Alessandro Tommasi e este que vos escreve. O local escolhido foi o restaurante Aguzzo que nos proporcionou um delicioso jantar composto de cuvert, uma entrada de polenta rústica, um primo piatto – Ravioli ala Piemontesa, um secondo piatto – Ossobuco di vitello ala milanese, e uma sobremesa Panna Cota de baunilha com cauda de framboesa. – Aguzzo Cucina Italiana Rua Simão Alvares, 325 Pinheiros, Fone 011 3083 7363