O lançamento do Cheval de Los Andes ocorreu na semana passada em grande estilo com dois eventos sequenciais com muito requinte. Tive o prazer de participar do primeiro deles realizado na “Mesa do Chef do luxuoso Hotel Palácio Tangará um espaço realmente adequado para este tipo de evento. O jantar foi coordenado pelo simpático e atencioso Mateus Turner, e do diretor e competente enólogo da vinícola, Gerald Gabillet. O Cheval de Los Andes é um joint venture firmado em 1999 entre a Cheval Blanc e a Terrazas de Los Andes na elaboração de um vinho argentino com padrão dos Grand Cru de Bordeaux, definiu Pierre Lurton presidente de ambas as empresas. Durante a apresentação tivemos o prazer de provar 5 vinhos em uma deliciosa vertical que teve as seguintes safras 2002, 2004, 2008, 2017, e finalmente o lançamento de 2018.
Antes de entrar na avaliação dos vinhos provados vamos descrever alguns detalhes sobre a safra 2018. Gerald nos informou que esta foi uma safra clássica para os padrões de Mendoza, com dias quentes e ensolarados e de baixa umidade. Chuvas benéficas em dezembro e janeiro que evitaram o stress das plantas, e chuvas de fevereiro e março que contribuíram para manter os cachos saudáveis. Importante também o impacto alta amplitude térmica durante o período que criou perfeitas condições para produção de uvas de alta qualidade. Colheita realizada entre 12 de março e 4 de abril com rendimento de 35kg/h. A vinificação ocorreu com uvas da Finca Las Compuertas e de Altamira, passando por processos separados de vinificação e com o mínimo possível de intervenção. O corte para a safra 2018 foi de 70% Malbec e 30% Cabernet Sauvignon e a guarda em 40% do vinho em barricas, 40% em barris de 400 litros e 20% em fouldres de 2.500 litros, sendo 85% de origem francesa e 15% da Áustria, Alemanha e Eslavônia. Vamos passar agora para cada um dos vinhos degustados:
Cheval de Los Andes 2018 – Corte com 70% Malbec, e 30% Cabernet Sauvignon com 14,5% de álcool. – Rubi, extra tinto, sem halo. Ainda fechado, cereja, leve herbáceo, menta, mineral, e alcaçuz. Na boca ótima acidez, taninos finos ainda presentes, corpo médio, retrogosto confirmando a cereja e o mineral. Um vinho elegante, mais limpo, direto e mineral que certamente irá ganhar complexidade com tempo de garrafa. Impressiona ter 14,5% de álcool e o mesmo não se sobressair na boca.
Cheval de Los Andes 2017 – Corte com 62% Malbec e 38% Cabernet Sauvignon com 13,9% de álcool. – Rubi, alta concentração, sem halo. Frutas negras frescas, pimenta do reino, flores escuras, chocolate, azeitona e leve baunilha. Na boca, tripé correto, ótima acidez, taninos domados, corpo médio para amplo, final de boca mais frutado por conta do maior tempo de guarda, austero e estruturado do que o 2018. Vinho muito agradável fácil de beber sem perder a complexidade.
Cheval de Los Andes 2008 – Corte com 50% de Malbec, 45% Cabernet Sauvignon, e 5% Petit Verdot com 14% de álcool. – Rubi, extra tinto, leve halo. Aromaticamente marcado por químico, violetas, frutas negras maduras, ameixa, alecrim, pimenta e couro. Ótima acidez, taninos ainda presentes, sensação de álcool mais pronunciada, chocolate, final de boca confirmando a ameixa e terciários. Um vinho mais potente e rústico, ainda com potencial de guarda.
Cheval de Los Andes 2004 – Corte com 55% de Malbec, 43% de Cabernet Sauvignon, e 2% de Petit Verdot, com 14% de álcool. Rubi, extra tinto, leve halo. Cereja, café, avelã, pimenta do reino, pimentão, e sottobosco. Na boca, acidez média, taninos leves presentes, corpo médio para amplo, retrogosto com cereja e café. Um vinho menos estruturado que o anterior, mas bem agradável de se beber.
Cheval de Los Andes 2002 – Corte com 56% de Cabernet Sauvignom,40% de Malbec, e 4% de Pettit Verdot , e 14% de álcool. – Granada, alta concentração halo de evolução. Nariz marcado por aroma de couro, pelo de animal, cereja no licor, tabaco, menta, café, e toque mineral. Na boca tripé acidez, taninos e álcool totalmente harmonioso, estruturado, longo e muito macio. Primeiramente um vinho maduro em seu ápice, muita estrutura sem perder a elegância, marcado pelas frutas no licor e de terciários muito bem integrados. Foi meu favorito.
Fácil de notar a mudança de estilo dos vinhos, especialmente das safras 2017 e 2018, apresentando menor extração, e menor uso de madeira que tornou os vinhos mais delicados e fáceis de beber, mas honestamente ainda acho que vão ficar melhores com a guarda em garrafa por mais anos. Interessante notar também o uso crescente da variedade Malbec nos novos cortes, que parece ser o desejo de Pierre Lurton, mas num estilo bem longe daquele mais adocicado que mais lembrava geleia de frutas e que caracterizou boa parte dos vinhos de baixa gama elaborados com esta casta na Argentina. Novas regiões, novos clones, colheita antecipada, redução de extração e menor uso o de madeira criaram condições para gerar vinhos muito mais vibrantes e palatáveis.
Agradeço o gentil convite para este jantar descontraído regado de grandes vinhos! Sucesso
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